Pedaço da folha do breviário impregnado pelo Sangue de Cristo, Cássia |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Em Cássia, na mesma basílica dedicada a Santa Rita, se conserva a relíquia de um milagre eucarístico acontecido perto de Siena em 1330.
De acordo com antigos documentos conservados no convento agostiniano de Cássia, naquele ano solicitaram a um sacerdote relaxado que levasse a Comunhão para um camponês doente.
O religioso achou melhor simplificar dispensando o cuidadoso procedimento da Igreja na condução do Santíssimo Sacramento e evitar o acompanhamento de fiéis comum nos bons tempos de piedade eucarística.
Ele colocou a hóstia consagrada entre as páginas do breviário, livro de orações que outrora os padres deviam rezar todos os dias.
Chegando junto ao doente, no momento de lhe administrar o Sacramento, ele notou que a partícula havia se transformado em sangue, embebendo as duas páginas do breviário.
O sacerdote se arrependeu logo de sua leviandade e foi até o convento agostiniano em Siena, confessado sua falta ao padre Simone Fidati da Cascia, hoje beatificado.
O confessor lhe deu a absolvição considerando a contrição que mostrava o sacerdote.
Mas lhe pediu as páginas impregnadas com o Preciosíssimo Sangue para que todos pudessem ver o milagre operado.
Assim, as páginas ficaram preservadas: uma em Siena, e outra em Cássia.
Em Cássia está exposta no santuário construído sobre a antiga igreja de Santo Agostinho, e que abriga os restos de Santa Rita e do Beato Simone Fidati, confessor do sacerdote relaxado e arrependido.
Basílica de Santa Rita em Cássia, onde também se guarda o milagre eucarístico |
O documento de reconhecimento do milagre eucarístico foi lavrado em Cássia em 1687 e reproduz um código muito antigo do convento de Santo Agostinho com informações valiosas sobre o prodígio.
O episódio miraculoso impressionou tanto as pessoas que também ficou registrado nas Atas da Prefeitura de Cássia do ano 1387.
Essas atas também ordenam que todos os anos na festa de Corpus Christi, todas as autoridades e todos os cidadãos da cidade compareçam na igreja de Santo Agostinho e acompanhem a procissão em que o clero da cidade leva pelas ruas a venerável relíquia do Santíssimo Sacramento.
No dia 10 de janeiro de 1401, o Papa Bonifácio IX por meio de uma Bula proclamou o milagre e concedeu as mesmas indulgências dadas aos peregrinos que visitam o santuário da Porciúncula, ligado a São Francisco de Assis, e que visitem “contritos e confessados” a igreja onde está exposta a santa relíquia, no dia de Corpus Christi.
Essa é venerada há séculos no local. Algumas testemunhas garantem que se distingue um rosto humano que sofre na mancha de sangue impressa na página do breviário.
Também dizem que da relíquia emanaria por vezes o mesmo perfume percebido em volta do corpo de Santa Rita.
Infelizmente, não ficaram restos da outra página conservada na cidade de Siena, mas da qual existem documentos escritos de época confirmando a devoção que outrora a rodeava.
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