Exéquias da imperatriz Zita, catedral de Viena, 2.4.1989 |
Na cena representada no filme abaixo:
Após as exéquias solenes na catedral de Santo Estevão, Viena, os restos mortais dos augustos governantes da família dos imperadores da Áustria eram levados para a cripta dos capuchinhos no carro fúnebre imperial.
O protocolo a seguir foi observado, conforme à tradição, no funeral da Imperatriz Zita em 1º de abril de 1989:
O Grande Camareiro bate três vezes com uma bengala encastoada de prata na porta da capela do convento dos Capuchinhos, onde fica a cripta imperial.
O padre capuchinho porteiro pergunta:
‒ “Quem é o Sr.?” ou “Quem está aí?”
O Grande Camareiro declina o nome e os títulos do príncipe:
‒ “Eu sou N... Imperador da Áustria, Rei Apostólico da Hungria, Rei da Boêmia, da Dalmácia, da Croácia, da Eslavônia, da Galizia, da Lodomeria, da Ilíria e Rei de Jerusalém, Arquiduque da Áustria, Grã-duque da Toscana e Cracóvia, Duque de Lorena, de Salzburg, de Stiria, de Caríntia, de Carniola e de Bucovina, Grão-príncipe da Transilvânia, Margrave da Moravia, Duque da Alta-Silésia, da Baixa Silésia, de Módena, de Parma, de Piacenza e de Guastalla, de Auschwitz e Zator, de Ticino, de Friuli, de Ragusa e de Zara, Conde-príncipe de Habsburgo e do Tirol, de Kyburg, de Goritz e de Gradisca, Príncipe de Trento e de Brixen, Margrave da Alta e da Baixa Lusacia e de Istria, Conde de Hohenembs, de Feldkirch, de Brigance, de Sonnenberg, Senhor de Trieste, de Cattaro e de Marche, Grande-Voivoda da Sérvia, etc...”
Ouvindo a resposta, o padre porteiro se recusa a abrir dizendo:
‒ “Não conheço”.
O Grande Camareiro bate novamente três vezes na porta e pronuncia o nome do soberano morto respondendo a pergunta do frade “Quem é o Sr.?” ou “Quem está aí?”
‒ “Eu sou N... Sua Majestade o Imperador e o Rei”.
Resposta do religioso:
‒ “Não conheço”.
Cortejo fúnebre da imperatriz Zita, catedral de Viena, 2.4.1989 |
O Grande Camareiro dá mais três batidas.
A pergunta do irmão porteiro é a mesma:
‒ “Quem é o Sr.?”, ou “Quem está aí?”
Desta feita, o Grande Camareiro diz:
‒ “Sou N... um pobre mortal e pecador”.
A resposta final do padre porteiro é:
‒ “Pode entrar”.
As portas da cripta abrem-se e o caixão penetra através de uma dupla fileira de frades capuchinos que o recebem.
Em seguida, na capela é pronunciado o sermão final antes da descida do corpo à cripta.
Uma salva de 21 disparos de canhão ouve-se em Viena enquanto o féretro ingressa para sempre no sagrado panteão imperial.
Uma nota tônica da boa ordem católica ‒ felizmente desenvolvida na Civilização Cristã ‒ é a harmonia e a proporção nas desigualdades geradas pela natureza humana e pela História.
Neste episodio mínimo do cerimonial de enterro de um imperador, imperatriz, arquiduque ou arquiduquesa da Áustria os extremos se tocam com uma harmonia e até uma poesia pungente: a glória do mais alto governante da Cristandade e a condição de ser humano pecador, própria a toda a descendência de Eva.
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