terça-feira, 26 de julho de 2022

Topázio brasileiro porta de sacrário em Nápoles

O topázio que esculpido virou a porta do sacrário, detalhe
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





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A história do topázio do rei Fernando II, que esculpido virou a porta do sacrário da Igreja de São Francisco de Paula em Nápoles, começou numa jazida do Brasil no século XIX.

Na ocasião foi descoberta uma pedra preciosíssima: um topázio de cor laranja pálido, que pesava aproximadamente quatro quilos.

Ele foi enviado à Itália e adquirido pela Corte dos Bourbons de Nápoles.

O rei Fernando II (1810-1859) desejava fazer com ele a porta de dois sacrários:

1) o da Capela Palatina do Palácio Real de Caserta, e

2) o da Igreja de São Francisco de Paula, em Nápoles.

O topázio foi então dividido em duas partes iguais.

A metade destinada à igreja de São Francisco deveria, por vontade real, ser esculpida em baixo-relevo.

E o baixo-relevo representaria Nosso Senhor Jesus Cristo partindo o pão consagrado, a Eucaristia.

Fernando II (1810-1859), rei de Nápoles
Porém, sendo a pedra muito resistente a qualquer tratamento, os ourives abandonaram a empresa.

Em 1852, o rei Fernando contratou o professor Andrea Cariello (1807-1870) para fazer a portinha do sacrário de São Francisco de Paula.

O projeto para o outro sacrário foi posto de lado.

Cariello engajou-se com paixão e colocou em movimento toda a cidade de Nápoles.

Precisava de rodas, ferramentas e talhadeiras em quantidade.

Por ser o topázio difícil de se trabalhar até com técnicas modernas, a joia só ficou pronta em 1862, mediante a utilização de brocas de diamante.

Nesse ínterim, o mundo fora posto de ponta cabeça.

Em 1859 morreu o rei Fernando, tendo seu sucessor Francisco II permanecido no trono por pouco mais de um ano, até a anexação iníqua do seu reino pelo nascente reino unido da Itália.

A porta do sacrário
Quando Cariello terminou sua obra, a gema representando o busto de Jesus Eucarístico pesava 1,591 kg e media 18,2 cm de altura, 14,4 cm de largura, 7,2 cm de espessura, incluindo a figura de Nosso Senhor.

Em 1865, o Reino da Itália concordou em que o artista ficasse com a joia como forma de pagamento.

A partir de então o topázio de valor incalculável fez um longo périplo, até acabar sendo doado pelos descendentes do artista à Arquidiocese de Taranto.

E agora transformado em obra de arte sagrada, o topázio brasileiro está sendo exposto no Museu Diocesano.

Ele é todo um símbolo da vocação providencial do Brasil: uma pedra preciosa única de uma cor e de um tamanho ímpares que guarda e protege o próprio Corpo Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo no Sacrário no centro do altar.

É a vocação da Civilização Cristã, guardiã do Santuário, com a grandeza, a magnanimidade e a doçura que Nossa Senhora quis comunicar a nosso País.

terça-feira, 19 de julho de 2022

A cidadinha sem ruas de uma paz incomparável

Giethoorn, Turistas podem alugar pequenas lanchas elétricasGiethoorn, Turistas podem alugar pequenas lanchas elétricas
Giethoorn: turistas podem alugar pequenas lanchas elétricas
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O espírito católico aspira a criar nesta terra de exílio ambientes de uma beleza que nos faça desejar o Céu, ainda quando os elementos naturais possam ser muito pobres ou adversos.

Um dos muitos exemplos disso vem até hoje desde o século XIII, e teve seu ponto de partida nos pântanos Weerribben-Wieden.

Esses eram um inferno de lama e mosquitos, mas ali se instalou um grupo de fugitivos da justiça pensando que a longa mão das autoridades não chegaria a um local tão infestado, segundo reportagem do “Clarín”

Se não fossem católicos, o resultado teria sido um ninho de criminosos, mas a influência da Igreja os foi suavizando e tornando civilizados.

Os fugitivos encontraram o local cheio de carcaças de animais que haviam sido afogados pelas recentes enchentes

Giethoorne sua vida social
Giethoorn e sua vida social-cultural
Por isso o chamaram de Giethoorn (chifre de cabra) em alusão ao grande número de chifres saindo da lama. Impossível imaginar uma imagem pior do inferno.

Mas oito séculos à sombra benéfica da Igreja embora não mudaram a configuração geológica da área, fizeram da paisagem matéria para inúmeros quadros.

O que foi um lugar a ser evitado, hoje é o alvo de quem quer viver a alegre experiência de visitar uma belíssima cidade na Holanda que não tem ruas e, portanto, não tem carros.

A 120 quilômetros a nordeste de Amsterdã, no lado oposto da baía de Ijseelmeer, está esta cidade de 2.600 habitantes que nem sequer possui município, pois pertence ao município de Steenwijkerland.

Sua principal característica, que a torna única, é que as casas e equipamentos urbanos estão localizados em ilhotas originalmente pantanosas, separadas por uma intrincada rede de canais de água abertos trabalhosa e estavelmente pelos moradores.

São muitas as pontes que ligam as casas, mas as possibilidades de caminhar são limitadas, pois ficam praticamente reduzidas a ir de uma casa a outra, o que carece de utilidade e incentivo para quem não é morador.

Os habitantes de Giethoorn, é claro, se transportam de um lugar para outro, mas o fazem em seu próprio barco, geralmente atracado à sua porta.

O turista pode fazer o mesmo, pois há uma frota de pequenas lanchas de aluguel – elétricas, para não perturbar o silêncio que reina em uma cidade sem carros – a preços muito razoáveis para percorrer os mais de seis quilômetros de canais da cidade.

A paisagem urbana é cuidadosamente mantida. O gramado comunal é sempre cortado, e muitas das casas se atrevem a optar por telhados verdes tradicionais, que muitas vezes são caros e difíceis de manter, mas que dão a Giethoorn uma aparência pitoresca incomparável.

Giethoorn convida a uma caminhada sem muitos objetivos, pelo prazer de experimentar a sensação de visitar uma cidade aquática.

O Museu da Fazenda, que reproduz como era uma fazenda familiar no início do século XIX. É pequeno, mas charmoso, exibindo as ferramentas e suprimentos cotidianos da época. E ilustra algo muito importante, até indispensável: a vida de família.

A família bem constituída abençoada pela Igreja é o pilar de toda sociedade feliz e ordenada. O contrário, se evidencia em tantas cidades modernas, ateizadas e em proa ao crime.

A aparência atual de Griethoorn deve-se à recorrente de turfa, material esponjoso útil para a agricultura produzido pelo acúmulo de detritos vegetais, que ocorreu na área ao longo dos séculos.

Ao desenraizar essa “esponja vegetal”, a água do Mar do Norte penetrou e gerou canais e lagoas.

Hoje a maioria dos habitantes da cidade trabalham nas grandes cidades holandesas próximas, para onde viajam diariamente deixando seus veículos estacionados na periferia e chegando de barco, é claro.

Apesar da abundância do turismo, Giethoorn mantém um ambiente muito calmo.

A ausência de trânsito e o ruído associado fazem com que suave deslizar dos barcos e o trinado dos pássaros seja praticamente a única banda sonora da vila, onde existem vários restaurantes e meia dúzia de hotéis.

Os habitantes usam lanchas em lugar de carros
Os habitantes usam lanchas em lugar de carros
Uma ideia particularmente recomendável é reservar um quarto e assistir ao pôr do sol, vivenciar a magia das casas com suas luzes refletidas nas águas dos canais e aproveitar o nascer do sol nos próximos dia em um cenário único, a apenas uma hora da animada cidade de Groningen.

Nos invernos, quando os canais congelam – com mais frequência do que podemos imaginar em nossas cálidas cidades – o povo de Giethoorn se move pelas ruas patinando no gelo.

É a grande forma de “caminhar” pelas ruas inexistentes da cidade que é ao mesmo tempo uma fonte inesgotável de entretenimento. Nada disso há nas gigantescas nas ruas das modernas urbes, aliás muitas vezes feias e perigosas.

Giethoorn fica a uma hora e meia de carro de Amsterdã pela autoestrada A6. As zonas úmidas de Weerribben-Wieden têm a mais alta proteção legal, fazem parte do parque nacional de mesmo nome.

Os roteiros turísticos não acostumam mencionar a fonte de tanta paz e beleza: a bênção da Civilização Cristã, mas ela permanece irradiando ordem e bem-estar.