A este respeito, selecionamos alguns comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
Em Roma havia habitantes de todas as partes do Império que exerciam influência sobre suas respectivas províncias.
Com isto levavam a influência de Roma para os últimos recantos. Roma tinha atraído para si pessoas de todo o Império e mandava para longe pessoas de todo o Império: funcionários, legionários e todo aparelho administrativo e militar romano, de maneira que cristianizando a cidade de Roma, estava conquistado o ponto estratégico para a cristianização do Império. E assim, potencialmente estava cristianizado o mundo.
Então, por um desígnio soberano de Deus, a cidade de Roma foi escolhida para ser a cidade do Papa: porque desde a cidade estratégica, a salvação podia se tornar mais conhecida.
Então, a Cátedra de São Pedro foi posta no centro de influência do mundo inteiro, e que por causa disto “inoculou” no mundo inteiro a regeneração pela verdadeira Fé disseminou e espalhou a Igreja.
A Providência age de um modo político interessante; porque era preciso que a sede dEla fosse na mais importante cidade do mundo para poder espalhar a sua influência.
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São Pedro ensinando desde a simplicidade de seu trono |
Mas depois convinha que o Papa tornado personagem humanamente poderosíssimo, não convivesse com o maior poder temporal, porque sairia fricção.
Acresce que em certo momento foi necessário que Roma não fosse mais a capital política do mundo. E então, Constantino se transladou para Bizâncio.
Nunca mais Roma veio a ser a capital de uma potência internacional.
E a Roma dos Papas foi sempre um pequeno Estado temporal.
Depois nós tivemos a carnavalesca Roma dos Sabóias, capital do Reino da Itália. Esta Roma foi capital de um Estado de alguma importância mas não de um poder político e militar mundial. De uma influência cultural mundial, sim; de um poder político e militar mundial, não.
Passou-se então a coisa mais inesperada do mundo. Para humilhar ainda mais o Papa, a Revolução transformou a Roma dos Sabóias numa república.
Mas quando se foi fazer as eleições, verificou-se que a maior influência eleitoral da Itália era o Papa. E hoje em dia, por detrás dos governos democráticos é o Papa que governa.
Os papéis se inverteram, e em vez de a Roma civil governar a Roma religiosa, a Roma religiosa governa a Roma civil. E assim não se realizou o desígnio revolucionário do Papado oprimido pelo poder civil.
Isso é o melhor possível? Nós temos nossa opinião formada. Se São Pio X estivesse no Sólio Pontifício, a Itália seria a nação mais bem governada do mundo.
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São Pedro ensinando na sua cátedra. Altar de Lleida (1150-1200) |
Quando se fala da Cátedra de São Pedro, fala-se naturalmente do móvel da cátedra.
Os senhores sabem que, no fundo da Igreja de São Pedro, há uma cátedra feita de bronze por Bernini, cercada de uma série de resplendores. E que por causa disto se chama a “glória de Bernini”.
Esta cátedra é oca. Ela pode ser aberta, e dentro se encontra, e é exposto para veneração dos fiéis em certas ocasiões, o pequeno trono de madeira que São Pedro usava em Roma.
A cátedra, simbolicamente lembra o poder, a instituição, o Papado, o Pontificado. Lembra a continuidade do Papado através de todos os séculos, embora a tenham ocupado homens tão diferentes.
Lembra o supremo governo da Santa Igreja, Católica, Apostólica, Romana, a Cabeça da Igreja. As vicissitudes humanas podem até rodear de trevas essa Cátedra, mas Ela é sempre a mesma.
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São Pedro ensinando na cátedra. Mosaico na catedral de Santa Maria Nuova, Monreale, Sicília, século XII |
Quando se ama alguém, se ama sobretudo pela sua face, sua cabeça. E portanto, nosso amor à Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, que é absolutamente sem limites e acima de todas as coisas da terra, incide especialmente sobre o Papado e a Cátedra de São Pedro, qualquer que seja o seu ocupante.
Porque a Pedro foram dadas as chaves dourada e prateada. A chave dourada do Céu e a chave prateada do poder indireto na terra.
A esse Pedro nós osculamos os pés em espírito, como expressão de homenagem e de adesão, porque em relação à Cátedra de São Pedro nosso amor, nossa obediência, nossa veneração, absolutamente não têm limites.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra de 17.1.66, sem revisão do autor)