terça-feira, 21 de maio de 2024

Mosteiro cisterciense do século XII renasce na Califórnia

Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








No norte da Califórnia renasceu um mosteiro medieval cisterciense.

O fato cai como um raio em céu sereno, pois nunca se diria que o progressista estado californiano acolheria um dos símbolos mais opostos à modernidade.

Além do mais, trata-se de um autêntico mosteiro medieval espanhol do século XII.

Como?

O magnata William Randolph Hearst havia comprado e levado para a Califórnia no início do século XX as ruínas do mosteiro de Santa Maria de Óvila, da Espanha, desmontou-o, mas não conseguiu restaurá-lo.





A cidade de San Francisco se opôs e as pedras ficaram por décadas no Golden Gate Park.

Veio depois a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial e pareceu que o projeto estava totalmente morto, segundo o “The New York Times”.

Sinal dos tempos, monges cistercienses apelaram à população, reuniram fundos e realizaram no século XXI o que foi impossível no século XX: a reconstrução do prédio gótico de Santa Maria de Óvila, do século XII!

Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Abadia de New Clairvaux, Califórnia
“O que parecia morto, ou quase morto, ergue-se de novo”, disse sobre a restauração o padre Paul Mark Schwan, abade do mosteiro restaurado com o nome de New Clairvaux.

Após a conclusão de grande parte das obras, a abadia foi aberta à visitação pública em 2012.

Dois terços das pedras são originais, mas foram necessários reforços modernos para resistir aos terremotos.

Rodeada de vinhedos, a abadia fica num campo distante duas horas do norte de Sacramento.

O mosteiro de Santa Maria de Óvila, na província de Guadalajara, foi fundado em 1167 pelo rei Afonso VIII de Castela em terras recuperadas dos mouros.

A abadia entrou em decadência e foi fechada por um governo anticlerical em 1835.

O magnata Hearst ouviu falar das ruínas e, segundo a revista “American Heritage”, contratou agricultores e trabalhadores espanhóis dos vilarejos próximos para desmontar e transportar as peças mais importantes.

Foi necessário construir trilhos de trem, estradas e uma ponte para mover as imensas pedras que foram carregadas por 11 barcos até San Francisco.

Porém, Hearst passou a enfrentar dificuldades econômicas e abandonou o projeto, doando as pedras do mosteiro à cidade de San Francisco.

Mas os planos da prefeitura dessa cidade não deram em nada; os caixotes que continham as pedras pegaram fogo algumas vezes e as relíquias ficaram ao relento.

A prefeitura nunca levantou o dinheiro necessário para concluir o projeto.

Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Em 1994, alguns monges cistercienses convenceram a prefeitura a doar-lhes as pedras, sob a condição de iniciarem a restauração dentro de uma década.

Tendo os monges arrecadado US$ 7 milhões, os trabalhos tiveram início em 2004.

Para reatar com um costume medieval, os religiosos também passaram a produzir cerveja premium estilo trapista, chamada Óvila.

Na Europa as cervejas produzidas pelas abadias estão entre as melhores.

As obras ainda não foram completadas, mas a arte principal da abadia já pode ser usada como na Idade Média.

Vendo a decadência do século XIX, quem teria dito que o sacral e austero mosteiro dos cistercienses renasceria para a vida no século XXI? E logo na Califórnia!?

Isto é matéria para sérias reflexões para interpretar bem o presente e o futuro mais ou menos próximo.


terça-feira, 7 de maio de 2024

Favelados: mais felizes que os ricos famosos

Renato Meirelles: “94% dos moradores de favela são felizes”
Renato Meirelles: “94% dos moradores de favela são felizes”
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Onde está a felicidade?

Se ouvirmos a Vulgata da Teologia da Libertação ou O Capital de Karl Marx, a felicidade está entre os ricos que têm tudo o que querem, até com dano aos mais pobres.

Mas se tomarmos distância dos mitos dos laboratórios sociológicos do marxismo e das sacristias aggiornatti e ouvirmos a realidade, a resposta é bem outra.

“94% dos moradores de favela são felizes”, por exemplo, é o que, em entrevista concedida ao portal IG, revela Renato Meirelles, autor do livro Um país chamado Favela. Ele é sócio-diretor do Data Popular, instituto de pesquisa das classes mais pobres do Brasil.

Meirelles e o ativista Celso Athayde estão difundido o livro que aponta uma realidade bem concreta e bem diversa da espalhada pelas esquerdas leigas e eclesiásticas.

Um dado é concludente: enquanto artistas e ídolos famosos, frustrados após uma vida de prazeres, recorrem com frequência ao suicídio, 94% dos moradores da favela afirmam ser felizes, 74% consideram que a vida melhorou, e 66% dizem não ter vontade de sair da favela, mesmo se suas rendas dobrassem.

O livro foi baseado na pesquisa “Radiografia das favelas brasileiras”, de setembro de 2013, que ouviu dois mil moradores de 63 favelas brasileiras em 10 Estados.

Meirelles calcula que se existisse um Estado brasileiro chamado Favela, ele seria o quinto maior do País, pois contaria com 12 milhões de habitantes.

Nesse “Estado” ou “país”, os cidadãos estão convencidos que a vida melhorou. A renda per capita cresceu 54,7% nos últimos 10 anos, bem acima da média brasileira que foi de 37,9%. Mais, um terço dos habitantes ingressou na classe média, a julgar pela renda.

“A favela também se transformou num grande mercado consumidor. Em 2014, as favelas devem movimentar R$ 64,5 bilhões. É como se pegasse todo o consumo do Paraguai e somasse com o da Bolívia”, diz o livro.

'Vida feliz' com dinheiro e longe de Deus acaba em tragédia
'Vida feliz' com dinheiro e longe de Deus acaba em tragédia
Os favelados aprenderam como gerar renda, seja abrindo um salão de beleza no puxadinho de casa, seja cuidando dos filhos do vizinho, ou emprestando o cartão de crédito para um amigo. E os exemplos se multiplicam.

O que é isso? Simplesmente, livre iniciativa, propriedade privada e uma certa dose de fuga da invasão tributária, que afoga outras categorias sociais.

Só isso? Só Direito Natural?

Há um outro dado. A felicidade não está no dinheiro, nem no capricho. Está na reta ordem da alma posta diante de Deus, mesmo carecendo ou sofrendo.

Conhecer, amar e servir a Deus nesta terra para gozar de sua presença na bem-aventurança eterna, é o mais sábio dos conselhos.

E dessa alegria eterna Deus já vai antecipando primícias para aqueles que O procuram com despretensão nesta vida terrena. E isto está ao alcance de todas as classes sociais, desde que não se deixem iludir pela miragem dos “famosos” do jet-set.