Das cartas de Dona Leopoldina, imperatriz culta e dedicada
Entre as cartas recebidas por D. Pedro I, quando com sua comitiva encontrava-se junto ao riacho do Ipiranga, onde dera o histórico brado da independência do Brasil, vinha também uma que havia sido escrita em cuidadosa caligrafia feminina, assinada por sua própria esposa, e datada de 29 de agosto de 1822.
“Meu querido e Muito Amado Esposo: é preciso que volte com a maior brevidade; esteja persuadido que não só o Amor e a Amizade que me fazem assim desejar, mais que nunca, sua pronta presença, mas sim as críticas circunstâncias em que se acha o amado Brasil; só a sua presença, muita energia e rigor podem salvá-lo da ruína. As notícias de Lisboa são péssimas ‒ 14 batalhões vão embarcar nas três naus; mandou-se imprimir suas cartas e o povo lisbonense tem-se permitido toda qualidade de expressões indignas contra a sua pessoa”. É fácil admitir que as notícias enviadas por Dona Leopoldina tenham influído consideravelmente na decisão então tomada pelo protagonista de nossa Independência.
* * *
Cinco anos antes - mais precisamente em 6 de novembro de 1817- a arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina de Habsburg, filha do Imperador Francisco I, da Áustria, chegara ao Rio de Janeiro.
Seu casamento com o Príncipe D.Pedro havia sido acertado diplomaticamente quase um ano antes, e para recebê-la a cidade do Rio de Janeiro amanhecera especialmente engalanada. Folhagens odoríferas perfumavam as ruas, colchas estendidas nas sacadas das ruas centrais decoravam o trecho por onde passariam os membros da comitiva real e a multidão se comprimia para assistir a chegada dessa ilustre arquiduquesa austríaca, que passaria a fazer parte da Família Imperial.
Antes de deixar Viena, a futura Imperatriz dedicou o melhor de seu tempo a conhecer e estudar o país para o qual se dirigia, bem como dominar fluentemente a língua portuguesa, rodeando-se também de livros e mapas que diversos naturalistas publicaram narrando suas visitas ao Brasil.
Em carta à sua tia, Grã Duquesa de Toscana, sua amiga e confidente de toda a vida, ela diz textualmente: “A viagem não me faz medo, creio que é até predestinação, pois sempre dizia que queria lá ir”.
D. Pedro II nobilita fazendeiro que libertou escravos
Na cidade de Ponta Grossa, por ocasião de sua viagem ao Paraná, D. Pedro II foi hospedado por um fazendeiro, que o cativou por sua simplicidade.
Após o almoço, no dia da partida, o anfitrião disse: — Senhor Imperador, eu podia ter feito mais alguma coisa. Podia ter matado mais uma vitela, mais um peru, mas preferi assinalar por outro modo a vossa passagem por esta terra e a honra de vir a esta sua casa. Libertei todos os meus escravos, que são mais de setenta, e peço a Vossa Majestade o favor de lhes entregar as cartas de liberdade.
Essa alocução tão simples quanto eloqüente emocionou profundamente o monarca, que agradeceu o gesto de benemerência do digno paranaense.
Por ocasião das graças, o ministro do Império levou ao imperador o decreto fazendo-o oficial da Ordem da Rosa. D. Pedro II argumentou: — Isto é pouco para esse benemérito. Faça-o barão! — Mas, Majestade, ele é quase analfabeto! — Não será o primeiro. E este é muito digno. Mande-me o decreto fazendo-o barão dos Campos Gerais.
(Fonte: ERNESTO MATTOSO - Cousas do meu tempo - Gounouilhou, Bordeaux, 1916, 338 p.)
Mais de meio milhão de cartas para São Nicolau
Na Alemanha, São Nicolau recebe 500 mil cartas enviadas por crianças cheias de esperança. Para atender esse afluxo, os correios alemães montam sete filiais natalinas. As cartas vão endereçadas a uma pequena cidade da Renânia do Norte-Vestfália, cujo nome significa Igreja do Anjo. Os pedidos afluem do mundo todo, e até em japonês, inglês, russo, chinês e português (e do Brasil). Dez donas-de-casa locais são responsáveis pela leitura dessa correspondência. As crianças recebem uma resposta-padrão, na qual o Menino Jesus agradece a iniciativa e envia uma pequena lembrança. Escrevem até aposentados e presidiários, “porque ficam alegres em saber que alguém lerá suas cartas”, explica Birgit Müller, uma das leitoras. Essas são algumas das doçuras que o Menino-Deus trouxe ao mundo. Entretanto, esse mesmo mundo está cada vez mais longe d’Ele...
Na intimidade da Corte imperial
Por ocasião da viagem à Inglaterra, D. Pedro II ouviu o concerto de um famoso pianista inglês na embaixada brasileira em Londres.
Algum tempo depois, o príncipe de Gales, futuro rei Eduardo VII, manifestou ao embaixador brasileiro, barão de Penedo, o desejo de que o pianista fosse condecorado pelo Brasil com a Ordem da Rosa.
O imperador não tolerava nesse pianista a falta de higiene.
Ao saber da proposta do príncipe de Gales, e lembrando-se de uma famosa comenda britânica, comentou ironicamente:
— Concordo, desde que antes o governo inglês lhe conceda a Ordem do Banho.
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
Quando D. Pedro II visitou Ouro Preto em 1881, Bernardo Guimarães ofertou a ele os seus dois livros. As duas filhas do autor, Constança e Isabel, os entregaram ao Imperador numa bandeja. Ao receber os livros, D. Pedro II perguntou ao autor:
— São só estas as suas obras?
Aproximando de si as duas filhas, respondeu:
— E mais estas duas, que são as que mais aprecio.
Fonte: JOSUÉ MONTELLO - Anedotário geral da Academia Brasileira - Martins, SP, 1974, 480 p.
D. Pedro II, em São Paulo, entrou com sua comitiva numa câmara frigorífica, onde a temperatura era de cinco graus abaixo de zero.
O senador marquês de Paranaguá ficou de fora, aguardando.
Ao sair, e notando a posição desse membro do Senado, instituição que o espírito popular denominava “Sibéria”, o imperador gracejou:
— Oh! Nem me lembrava de que o senhor está à prova de temperatura mais fria.
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
Nobreza de alma e simplicidade na vida da Princesa Isabel
A sensibilidade e o patriotismo da Princesa Isabel se revelam num documento íntimo, onde escreveu:
“A idéia de deixar os amigos, o País, tanta coisa que amo e que me lembra mil felicidades que gozei, faz-me romper em soluços. Nem por um momento, porém, desejei uma menor felicidade para minha Pátria. Mas o golpe foi duro”.
Este sentimento de identidade com o seu povo, ela o possuiu de tal modo, que além de viver na tradição popular, ela ficou figurando no folclore da Abolição. Estas quadrinhas, cantadas pelas crianças brasileiras, confirmam esse sentimento popular:
“Princesa Dona Isabel, / Mamãe disse que a Senhora / Perdeu seu trono na terra, / Mas tem um mais lindo agora. / No céu está esse trono / Que agora a Senhora tem, / Que além de ser mais bonito / Ninguém lho tira, ninguém”.
Dom Pedro II e a preta Eva. foto: Imperador do Brasil, 12 anos de idade.
Numa viagem ao interior de Minas, o D. Pedro II observou, no meio de uma multidão compacta, uma negra que fazia grande esforço para se aproximar dele, mas as pessoas à sua volta procuravam impedi-la. Compadecido, ordenou que a deixassem aproximar-se.
— Meu senhor, eu sou Eva, uma escrava fugida, e venho pedir a Vossa Majestade a minha liberdade.
O imperador mandou tomar as notas necessárias, e prometeu dar-lhe a liberdade quando regressasse. E efetivamente entregou à cativa o documento de alforria.
Algum tempo depois, indo a uma das janelas do palácio de São Cristóvão, no Rio, viu um guarda tentando impedir que uma preta velha entrasse.
Sua memória prodigiosa reconheceu imediatamente a ex-escrava de Minas, e ele ordenou:
— Entre aqui, Eva!
A preta precipitou-se porta adentro, e entregou ao seu protetor um saco de abacaxis, colhidos na roça que plantara depois de liberta.
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
Tradição: é o suave elo de ligação entre a esperança de ontem e a realização de amanhã
Plinio Correa de Oliveira
Montado em animal desconhecido
Quintino da Cunha defendia um réu no Tribunal. O promotor, depois de prolongada arenga, e querendo encerrar a acusação, proclamou:
— Senhores do Conselho de Sentença, eu estou montado no Código Penal.
Quintino da Cunha rebateu, de imediato: — Pois faz muito mal em montar animal que não conhece.
No dia em que D. Pedro I abdicou, e os brasileiros proclamaram Dom Pedro II imperador com a idade de 5 anos, o seu preceptor foi encontrá-lo em local distante alguns quilômetros do Rio de Janeiro. Anunciou-lhe solenemente que horas antes ele se transformara em Majestade, e o conduziu de volta ao Rio.
No caminho, começa a chover. Dom Pedro corre até o casebre mais próximo e bate à porta com ansiedade, como faria qualquer monarca sem guarda-chuva. A voz trêmula de uma velhinha pergunta lá de dentro:
— Quem é?
Ofegante, devido à corrida, o imperador estreante proclama compassadamente, um a um, os seus 15 nomes: — Abra logo, vovó! Eu sou Pedro — João — Carlos — Leopoldo — Salvador — Bibiano — Francisco — Xavier — de Paula — Leocádio — Miguel — Gabriel — Rafael — Gonzaga — de Alcântara.
— Minha Nossa Senhora! Como é que eu vou arranjar lugar aqui para tanta gente?!
Carta escrita ao Imperador romano Tibério César (14 a 37 d.C.) por Publius Lentulus, da Judéia, predecessor de Pôncio Pilatos. A carta se refere a Jesus Cristo, que naquela época principiava as suas pregações nas terras da Palestina:
O Senador Publius Lentulus da Judéia ao César Romano:
Soube, ó César, que desejavas ter conhecimento do que passo a dizer-te.
Há aqui um homem chamado Jesus Cristo, a quem o povo chama profeta e os seus discípulos afirmam ser o filho de Deus, criador do Céu e da Terra.
Realmente, ó César, todos os dias chegam notícias das maravilhas deste Cristo. Para dizer-te em poucas palavras, dá vista aos cegos, cura doentes e surpreende toda a Jerusalém.
Belo e de aspecto insinuante, é um homem de justa estatura, e a sua figura é tão majestosa que todos o amam irresistivelmente. Sua fisionomia, de uma beleza incomparável, revela meiguice, e ao mesmo tempo tal dignidade, que ao olhar-se para ele cada qual se sente obrigado a amá-lo e temê-lo ao mesmo tempo.
O cabelo dele, até a altura das orelhas, é da cor das searas quando maduras, emoldurando divinamente a sua fronte radiosa de jovem mestre; caindo em anéis reluzentes, espalha-se pelos ombros com uma graça infinita, sendo então de uma cor indefinível, como o vinho claro e brilhante. Ele o traz apartado ao meio por uma risca, à moda dos nazarenos. A barba é da cor do cabelo e não muito larga, e também é dividida ao meio. O olhar de paz é profundo e grave, com reflexos de várias cores nos olhos, e o mais surpreendente é que resplandecem. As pupilas parecem os raios do Sol. Ninguém pode fitar-lhe o rosto deslumbrante.
O seu porte é muito distinto. Possui encanto e atrai os olhares. Tão belo o quanto pode um homem ser belo, ele é o mais nobre que imaginar se possa, e muito semelhante à sua mãe, a mais famosa figura de mulher que até hoje apareceu nesta terra.
Nunca foi visto sorrindo, mas já foi visto chorando várias vezes. As mãos e os braços são de uma grande beleza, que é um prazer contemplá-los. Faz-se amigo de todos e mostra-se alegre com gravidade. Quando é visto em público, aparece sempre com grande simplicidade. Quer fale, quer opere, fá-lo sempre com elegância e sobriedade. Toda a gente acha a conversação dele muito agradável e sedutora. Fala um idioma de misterioso encanto, e as multidões, compostas de judeus e de naturais da Capadócia, Panfília, Cirene e de muitas outras regiões, ficam perplexas ao ouvi-lo, pois cada qual o ouve como se fosse no próprio idioma pátrio.
Se a tua majestade, ó César, deseja vê-lo, avisa-me, que eu logo to enviarei. Apesar de nunca ter estudado, é senhor de todas as ciências. Em sua expressão divina, ele é a sublimação individualizada do magnetismo pessoal. As criaturas disputam-lhe a presença encantadora. As multidões seguem-lhe os passos, tocadas de singular admiração. Quase todos buscam tocar-lhe a vestidura, pois dele emanam irradiações virtuosas que curam moléstias pertinazes. Ele produz espontaneamente um clima de paz, que atinge a quantos lhe gozam a excelsa companhia. Anda com a cabeça descoberta e quase descalço, e a sua túnica alvíssima combina com a sutileza de seus traços delicados.
Muitas pessoas, quando o vêem ao longe, escarnecem dele, mas quando ele se aproxima e estão na sua frente, então tremem e admiram-no. De sua figura singular, extraordinária de beleza simples, vem um quê diferente, que arrebata as multidões, e essas serenam, ouvindo as suas promessas sobre um eterno reinado.
Os hebreus dizem que nunca viram homem semelhante a ele, cuja sabedoria excede a dos gênios. Nunca ouviram conselhos idênticos, nem tão sublime doutrina de humildade e de amor como a que ensina este Cristo. Amável ao conversar, torna-se temível quando repreende, mas mesmo nesse caso revela segurança e serenidade. É sobremodo sábio, modesto e muito casto. É um homem, enfim, que por suas divinas perfeições excede os outros filhos dos homens.
Muitos judeus o têm por divino e crêem nele. Também o acusam a mim, ó César, dizendo que ele é contra a tua majestade, porque afirma que reis e vassalos são todos iguais diante de Deus, e assevera que acima do teu poder, ó César, reina um único Deus, Todo-Poderoso, consolador de todos os homens desesperados e aflitos.
Ando apoquentado com estes hebreus que pretendem convencer-me de que ele nos é prejudicial. Mas os que o conhecem e a ele têm recorrido afirmam que ele nunca fez mal a pessoa alguma, e antes emprega todos os seus esforços para fazer toda a humanidade feliz.
Estou pronto, ó César, a obedecer-te e a cumprir o que nos ordenaste.
("Apologia Cristã", Ribeirão Preto, SP, p. 31)
Voltas demais
O marechal Osório, convidado para jantar em casa de um amigo, encontrou entre os convivas o barão de Cotegipe, seu adversário político. Durante o jantar, Cotegipe fez a Osório um brinde muito elogioso, que foi muito aplaudido. Cessados os aplausos, Osório devolveu: — Senhores, por minha vez brindo o senhor barão de Camaquã. Parecia um equívoco, e alguns tentaram corrigi-lo. Mas Osório prosseguiu: — Eu me explico: Camaquã é um rio da minha província, que dá muitas voltas. (Fonte: FOLCO MASUCCI - Anedotas Históricas Brasileiras - Edanee, SP, 1947, 267 p.)
Jesus Cristo e a calma
Nosso Senhor Jesus Cristo é a figura comunicativa da calma por excelência. É a calma em todos os sentidos e gradações possíveis da palavra calma. Ele o tempo inteiro teve calma, e não deixou de sentir calma. Inclusive o Sudário de Turim comunica calma!
A canção Anima Christi comunica uma calma inefável. Toda solenidade implica em calma.
Plinio Corrêa de Oliveira, 31/1/83
Senso da honra
O general Osório, durante a guerra do Paraguai, foi procurado por um negociante que queria vender cavalos ao Exército, na maioria imprestáveis. Queria uma carta do general, recomendando-o à Comissão. Osório respondeu: — Homem, você é entendido na matéria, e não desconhece as exigências do Governo. Se os seus cavalos são bons, para que quer recomendações? — Para evitar injustiças. — Pois, então, escreva você mesmo o que vou ditar. E ditou: "O portador vai conduzindo uma cavalhada, que pretende vender ao Estado, mediante o prévio exame da Comissão, de que V. Sas. são digníssimos membros. A primeira condição para a boa cavalaria é a velocidade, e esta depende da excelência dos cavalos; portanto, seria escusado lembrar duas coisas: primeira, que os animais imprestáveis que o portador levar devem ser recusados; e, segunda, que V. Sas. devem ser rigorosos no cumprimento das ordens do Governo. Esta carta só tem por fim pedir que V. Sas. despachem com brevidade o portador". — Não, General. Esta carta não me serve. — Pois então dê-ma. Tomando a carta, rasgou-a e perguntou: — Que queria de mim? Uma indignidade? Que idéia faz o senhor da honra alheia? Se não a tem, respeite a dos outros. (Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.)
Após o golpe de 15 de novembro, a Família Imperial já está a bordo para a viagem ao exílio. A imperatriz D. Teresa Cristina lê nos jornais do dia o nome de um dos revolucionários, que recebera grandes benefícios do imperador, e desabafa: — Deodoro! Quem diria!? Sereno e imperturbável, D. Pedro II responde: — Senhora, se quando fazemos um benefício fosse já contando com a gratidão do beneficiado, então o ato perderia a sua nota principal, passando a ser um contrato interesseiro.
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
O imperador D. Pedro II costumava fazer versos, geralmente sob a forma de sonetos. Escrevia fluentemente, de acordo com a métrica e a rima, mas sem grande inspiração poética. Nos saraus do palácio, havia os que aplaudiam os versos do monarca, mas geralmente Carlos de Laet se abstinha de fazê-lo. D. Pedro II lhe perguntou: — O que acha dos meus versinhos? — Muito bons. Mas Vossa Majestade poderia fazer coisa melhor.
Fonte: JOSUÉ MONTELLO - Anedotário geral da Academia Brasileira - Martins, SP, 1974, 480 p.
D. Pedro II mostrou um dos seus sonetos a Moniz Barreto. O poeta e repentista, depois de lê-lo, comentou: — Se eu tivesse perpetrado tal crime, Senhor, suicidar-me-ia. O imperador, inteiramente despreocupado de ser tido como literato, retrucou sorridente: — Ora, Senhor Moniz Barreto. Tu te fizeste réu de sandices muito maiores, e ainda estás vivo.
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
O "Navio negreiro"
Em Salvador, o médico e político Manuel Vitorino recitava emocionado o Navio negreiro, de Castro Alves, para um numeroso público.
Num momento dramático do poema, são lançados dois apelos: — Andrada! Arranca esse pendão dos ares! Colombo!...
Nesse momento, uma vozinha de negro baiano responde, como se tivesse sido chamado: — Inhô?... — ... Fecha as portas dos teus mares! — Sim sinhô!
(Fonte: NAIR LACERDA - Grandes Anedotas da História - Cultrix, SP, 1977, 301 p.)
Tato diplomático de Dom Pedro II. Imperador em 1876
Na sua primeira viagem à Europa, estava D. Pedro II em Rouen, cidade francesa então ocupada pelas tropas alemãs.
Conhecedor da presença do soberano, o general Treslov, comandante da guarnição alemã de ocupação, foi cumprimentá-lo, comunicando-lhe que mandaria colocar à porta do hotel uma guarda de honra, e ordenaria que a banda militar alemã desse um concerto em sua homenagem.
D. Pedro II agradeceu a intenção delicada do comandante, mas recusou a homenagem:
— Se eu estivesse na Alemanha, aceitaria. Estou na França, entretanto, e não devo permitir que a música dos vencedores venha saudar-me em chão dos vencidos.
O general prussiano inclinou-se, acatando com admiração e respeito o gesto de delicada sensibilidade.
E o povo francês, sabedor da recusa imperial, demonstrou sempre para com Dom Pedro os mais vivos sentimentos de simpatia.
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A guerra contra a Cruz continua a ser um dos frentes recorrentes da ofensiva contra a Fé empreendida pelo laicismo. Esse agindo assim reconhece contra sua vontade a importância do símbolo da Redenção.
Aliás a Cruz sacrossanta também é menosprezada no ambiente “progressista cristão”, noticiou “Infocatólica”.
Em 2018, o ministro do Interior da Baviera, Markus Söder, dispôs que na porta de todas as instituições públicas houvesse uma Cruz como “sinal claro da tradição cristã” dos bávaros.
A disposição também vale para Universidades e tribunais, mas contradiz a revolução que acontece no interior da Igreja.
O decreto, assinado em 2018 pelo Presidente do Estado Livre da Baviera, Markus Söder, estipula:
‘Uma cruz deve estar claramente visível na entrada de cada edifício público como expressão da identidade histórica e cultural da Baviera’.
A Associação de Munique para a Liberdade de Consciência, que uma “comunidade ideológica baseada nos princípios do Iluminismo e do humanismo”. Essa alegou que o decreto infringia o direito à liberdade religiosa.
O “The European Conservative” noticiou que um tribunal alemão rejeitou uma ação judicial contra o Kreuzerlaß (Decreto da Cruz) que exige a exibição de cruzes cristãs em instituições públicas no grande estado alemão.
O Supremo Tribunal da Baviera manteve a decisão de juiz de primeira instância que decidiu que as cruzes:
a) não violam o princípio da neutralidade religiosa e ideológica, uma vez que os estados não são obrigados a renunciar completamente às referências religiosas, e
b) não discriminam ninguém por causa de.
”As cruzes expostas representam um símbolo central da fé cristã e não violam a garantia de liberdade dos demandantes”, acrescentou o Supremo Tribunal.
O ecumênico Cardeal Marx evitou tomar qualquer posição categórica em favor da Cruz do Redentor
Falando à Agência de Imprensa Alemã (DPA) em Munique, Söder elogiou a decisão do Tribunal, dizendo: “A cruz é um sinal do nosso caráter cristão e cultural. Pertence à Baviera”.
O arcebispo de Bamberg, Baviera, Herwig Gössl, também aprovou decisão do alto Tribunal.
A presidente da Associação para a Liberdade de Consciência, Assunta Tammelleo, continua obstinada em eliminar as cruzes. Segundo ela, a organização pretende levar o caso ao Tribunal Constitucional Federal de Karlsruhe.
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São Miguel Arcanjo e Lúcifer disputam pelo reinado espiritual sobre o Brasil. Em Gravataí (RS) uma Nova Ordem de Lúcifer na Terra pretende inaugurar o maior santuário do País dedicado ao rei dos infernos.
A estátua do anjo caído já está construída e tem três metros. Ela receberá rituais de “demonolatria”, culto voltado para alta magia negra, segundo explica Lukas de Bará da Rua, um dos fundadores da sinistra organização religiosa e que se apresenta como uma apalhaçada batina preta, informou o “Correio Braziliense”.
“Lúcifer, na nossa visão, representa a luz do autoconhecimento. Não existe a ‘queda de Lúcifer’. Na verdade, temos uma interpretação diferente sobre as energias que equilibram o Universo”, explica com um linguajar panteísta mais próprio da Nova Era.
Para ele há mais de um Deus, “entre eles Lúcifer”, e não há necessidade de uma Bíblia escrita. Para ele só “existe a Tradição e o conhecimento”, leia-se a iniciação ocultista e a gnose.
Estátua de Lúcifer interditada em Gravataí, RS
E Tata Hélio de Astaroth, cofundador da Ordem infernal, acrescenta contraditoriamente estar escrevendo ele próprio sua bíblia denominada “Bíblia do Diabo Segundo a Corrente 72”.
A sede da “Nova Ordem de Lúcifer na Terra” terá cinco hectares e um amplo espaço para contato com a natureza, bem no gosto do ecologismo.
Católicos fiéis à Igreja promoveram no local um terço de reparação.
A inauguração do monumento foi interditada pela Prefeitura em virtude de irregularidade com o alvará, e posteriormente pelo Tribunal de Justiça de Gravataí a pedido da autoridade municipal. As interdições não são definitivas e podem ser levantadas.
Em sentido contrário está em via de conclusão uma estátua de São Miguel Arcanjo com 70 metros de altura no interior de São Paulo, a 1,5 quilômetro da Basílica da cidade de São Miguel Arcanjo, a 180 quilômetros da capital paulista, noticiou a “Gazeta do Povo”.
A estátua será maior que o Cristo Redentor no Rio de Janeiro, que tem 38 metros de altura, e que a Estátua da Liberdade da Havan, em Barra Velha (SC), de 57 metros.
A Basílica de São Miguel Arcanjo na cidade atrai fiéis do Brasil inteiro, mas já não consegue acolher seu grande número. Para acomodar esse público foi estruturado o projeto do Complexo Turístico Gruta do Arcanjo, em uma área de 30 mil m².
O complexo inclui dois prédios, praça campal, estacionamento, espaço comercial, um auditório para 250 pessoas e uma igreja.
A imagem terá 57 metros de altura e 70 metros se se contabiliza a base, que terá um aspecto de rocha.
O modelo inspirador é a Gruta de São Miguel Arcanjo no Monte Gargano, na Itália, o mais antigo santuário na Europa Ocidental dedicado ao príncipe das milícias celestes.
3º maior Santuário de São Miguel Arcanjo do mundo no Paraná
O Papa Gelásio I mandou erigir essa basílica após o Arcanjo São Miguel aparecer por volta do ano 490 várias vezes ao bispo de Siponto perto de uma caverna. Ele pediu que essa lhe fosse dedicada para proteger a região de invasores pagãos.
“São Miguel é o nosso defensor, um anjo que tem uma missão maior que a dos anjos comuns, alguém que está ao nosso lado para nos defender”, evidenciou o sacerdote Márcio Almeida.
Os fiéis brasileiros, indo por um lado num sentido contrário do progressismo e da Teologia da Libertação, e por outro lado intuindo que a ação de Lúcifer está cada vez mais sensível e agressiva, estão recorrendo cada vez mais ao Príncipe das Milícias Celestes.
Outra amostra disso é a afluência dos fiéis ao Santuário Basílica de São Miguel Arcanjo na cidade de Bandeirantes, no Norte Pioneiro do Paraná do qual também fazem parte a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes e dos Nove Coros de Anjos e a Cruz de 81 metros – a maior do Brasil e uma das maiores do mundo, segundo “Aleteia”.
Imagem de São Miguel Arcanjo do Monte Gargano, Itália, é muito venerrada no Brasil
A romaria à basílica paranaense de São Miguel Arcanjo a transformou no terceiro mais visitado santuário de São Miguel no mundo, só superado pelo próprio santuário do Monte Gargano e pela abadia do Mont Saint-Michel na França.
Um homem de negócios e um jovem sacerdote empreenderam a construção de uma igreja dedicada a São Miguel Arcanjo por causa do enorme afluxo de fieis que enchia o barracão improvisado para eles.
Dom Fernando José Penteado, bispo de Jacarezinho na época, chegou a considerar o projeto como “grandioso” demais, mas autorizou.
Três anos depois, em 15 de setembro de 2012, uma imagem de São Miguel Arcanjo, totalmente em aço, foi colocada ao lado do templo que ia ser inaugurado.
Desde então, o local recebe mensalmente cerca de 40 mil visitantes vindos de todas as partes do país. E todo dia 29, data do arcanjo, cerca de 10 mil pessoas comparecem à celebração.
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No domingo 13 de outubro 2024 cerca de 2 milhões de pessoas participaram em Belém, da procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré.
No sábado 12, a Trasladação da imagem em procissão fluvial teve um número quase semelhante, entre 1,7 milhão e 2 milhões, sendo a segunda maior procissão da Festa de Nazaré.
Os números foram divulgados pelo Governo do Pará, segundo “G1”.
A romaria começou na terça-feira 8, e voltou a se manifestar como a maior do Brasil e uma das mais concorridas do mundo, segundo noticiou a “Agência Brasil”.
Na procissão da 232ª edição do Círio populares e autoridades acompanharam a imagem de Nossa Senhora ao longo do trajeto de quase 4 quilômetros entre a Catedral e a praça da Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré.
Os devotos entoavam cânticos de louvor à Mãe de Deus, rezavam e agradeciam pelas graças alcançadas, testemunhando em cartazes as doenças curadas e os pedidos atendidos.
Também no 12 de outubro, o dia de Nossa Senhora Aparecida atraiu milhares de fiéis a seu Santuário Nacional.
Foi difícil até para participantes experimentados avançar um número posta a imensidade de fiéis vindos de todas as partes nas mais diversas conduções e que se revezavam incessantemente, podendo se supor o número de mais de 500.000 entre os dias 11, 12 e 13.
Nossa Senhora de Nazaré
A grande mídia costuma dar uma informação incompleta destas verdadeiras manifestações gigantescas das devoções no Brasil.
Essa mídia dá importância a pífias ações de ativistas pagos em favor de políticos ou partidos como sendo amostras de verdadeira popularidade.
Nestas festas até políticos altamente posicionados procuraram explorar com demagógicos insinceros gestos estas grandes manifestações de piedade, estimuladas até pelas desgraças com que os próprios maus políticos flagelam o Brasil.
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Na montanha em que foi encontrada entre os anos de 1618 e 1620 a imagem original da Virgen del Valle (Nossa Senhora do Vale), na província (estado) de Catamarca, Argentina, foi inaugurada a maior imagem de Nossa Senhora do mundo.
Ela reina desde o Cerro Ambato, local do achado da imagem original, e pode ser vista desde diversos povoados da região: El Rodeo, La Cuesta del Portezuelo, a Capital, o Vale do Ambato e Las Juntas.
A imagem faz parte de um conjunto denominado “Caminho de Fé” pago pelo empresário Walter D'agostini, filho de imigrantes italianos que chegaram fugindo das consequências desastrosas da Segunda Guerra Mundial.
A mãe do empresário transmitiu ao filho sua devoção à Virgem do Vale e ele agradeceu com esta obra como um presente de sua família à Virgem do Vale aberto a todos os fiéis que queiram se aproximar.
A estátua por si só mede da base até a ponta que é um crucifixo, 52 metros de altura e é a mais alta das Américas, maior que o Cristo Redentor no Brasil ou a Estátua da Liberdade nos EUA, e equivale a um prédio de 11 andares.
Em baixo dela foi construída uma capela e, através de uma escadaria de 117 degraus, se chega a uma plataforma de 360 graus. A construção durou nove anos, período em que o doador teve que superar muitas dificuldades inclusive econômicas.
Mas a dedicação e sacrifício pessoal do empresário e sua família, conseguiu acabar a imensa imagem.
A Virgem do Vale é padroeira de muitos lugares da Espanha e da América Latina, da Argentina e da Venezuela especialmente.
A descoberta da venerada imagem da Imaculada Conceição, Nossa Senhora do Vale, ocorreu entre 1618 e 1620 numa gruta de Choya, na província de Catamarca, noroeste da Argentina.
A cidade de Choya, segundo documentos antigos, era composta por encomenderos espanhóis a quem a Igreja confiava os indígenas em grande maioria cristãos para lhes ensinar uma profissão, alfabetizar, trabalhar na agricultura e no pastoreio, respeitar a família e a propriedade particular.
Virgen del Valle, estátua em Catamarca
Um aborígene desses a serviço do encomendero Manuel Salazar ouviu vozes e passos numa tarde e viu um grupo de meninas com lâmpadas e flores que iam em direção à montanha.
Na manhã seguinte, de volta àquele local, seguiu as pegadas das meninas durante vários quilômetros até achar um pequeno nicho de pedra cercado por restos de inúmeras flores.
Por fim, encontrou a imagem da Bem-aventurada Virgem Maria de rosto moreno e com as mãos unidas em forma de oração.
Depois de vários meses, ele contou a seu mestre o que havia visto. Disse-lhe que a veneravam, que ela estava ali entre as pedras, que era morena como os índios e que por isso a amavam e que ele também aprendera a amá-la. Hoje atrai multidões de devotos, sobretudo no Norte argentino.
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Os incêndios florestais que no ano 2024 foram ateados em quase toda América do Sul simultaneamente por mãos de incendiários alguns dos quais presos, flagelaram à Colômbia.
Eles pareciam incontroláveis porque certos especialistas em clima picados de ecologismo apontavam meses cada vez mais quentes e escassez de água em virtude de acentuada seca.
Eles atingiram diversas áreas rurais, inclusive morros de cidades como Bogotá e Bucaramanga. Nos arredores de Pamplona, no norte do departamento de Santander, o fogo destruiu grande parte de uma floresta e a grama circundante.
Mas para assombro de todos as chamas deixaram intacta e de pé em seu nicho uma imagem de Nossa Senhora do Carmo que na Colômbia é objeto de especialíssima devoção.
A jornalista Estefanía Meira-Serantes publicou nas redes sociais a foto dessa imagem incólume em meio à devastação causada pelo incêndio.
Na Colômbia, a população é largamente católica e no interior é muito comum encontrar pequenos monumentos de Nossa Senhora do Carmo como homenagem e sinal de respeito e carinho pela mãe de Nosso Salvador, biblicamente muito ligada ao profeta Elias, a quem obedeciam os elementos, inclusive o fogo do Céu.
E o fogo se deteve, como pode se ver nas fotos, em volta do pequeno altar a Ela dedicado nas florestas de Pamplona tendo ficado tudo ao seu redor completamente carbonizado.
“Milagres existem: a Virgem do Carmo intacta no meio do incêndio em Pamplona, Norte de Santander”, destacou Estefanía Meira-Serantes.
Santo Elias atrai o fogo divino sobre o altar do sacrifício
Naquelas deploráveis circunstâncias, havia muitos que com zombaria, grosseria e sarcasmo, escarneciam a Nossa Senhora, argumentando que si era tão milagrosa, por que Ela não enviava chuva para apagar os incêndios.
Ainda outros com tom marcadamente ofensivo ridicularizavam a pessoas com formação acadêmica que acreditavam em milagres feitos por imagens de gesso e cimento, informou o site Colombia.com.
Pois bem, tudo parece indicar que um milagre aconteceu.
As fotos correram pelas redes sociais, emudecendo os blasfemadores, como também a chuva invocada por Santo Elias, o devoto por excelência de Nossa Senhora do Carmo, encheu de espanto aos reis apóstatas de Israel e sua comitiva.
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Na paróquia Santa Maria, no movimentado e central bairro de Almagro, na capital argentina, aconteceram de três milagres eucarísticos surpreendentes na década de 90.
Esses foram cientificamente analisados nos maiores laboratórios especializados em diagnóstico forense.
Esses constataram em termos técnicos a transformação da Eucaristia (“transubstanciação” em termos teológicos próprios) da hóstia consagrada pelo sacerdote na missa em corpo de Cristo.
As análises de partículas de hóstias que formaram em pedaços de carne e sangraram gotas de sangue em recipientes especiais cheios de água onde as hóstias deveriam ter se dissolvido normalmente.
À luz da fé, foram manifestações da “transubstanciação” que produz a presença de Jesus na Eucaristia.
Houve muitos desses acontecimentos sobrenaturais em todo o mundo ao longo dos 2.000 anos de cristianismo. A Igreja, é extremadamente cautelosa quando se trata de reconhecê-los.
Paróquia Santa Maria onde se deram
os milagres eucarísticos de Buenos Aires
Agiu assim nestes casos, mas a final a evidencia científica afastou toda hipótese não-sobrenatural.
O arcebispado de Buenos Aires em decreto formal aprovou a adoração dos fragmentos de hóstias consagradas resultantes do “milagre eucarístico”.
Conforme estabelecem as normas eclesiásticas, inicialmente as hóstias milagrosas foram mantidas em segredo enquanto se encaminhava uma série de estudos.
Depois houve uma divulgação limitada, que até podia escandalizar os fiéis católicos, mas visava evitar qualquer espetacularidade.
O jornal “Clarín” fez um pormenorizado relato de cada detalhe dos milagres que começaram em 1992 até chegar em 2003 à definitiva confirmação de ter ADN humano proveniente de tecido cardíaco do ventrículo esquerdo extraído de uma pessoa viva e com sangue, com a presença de glóbulos brancos, apesar de estes terem pouca vida quando saem do corpo.
Foi erigida em 2006 uma capela anexa à nave esquerda do templo onde se expõe o fragmento do coração de Nosso Senhor Jesus Cristo à adoração dos fiéis em dias e horários marcados com guias que contam tudo o acontecido com notáveis frutos espirituais.
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A ordenação sacerdotal de mulheres postulada no polêmico e danoso Sínodo Alemão foi sempre apontada como impossível pelo Magistério da Igreja.
Mas, na época atual reprovados teólogos “progressistas” insistem nesse absurdo aproveitando que o Papa Francisco abre as portas a práticas imorais também tidas como impossíveis a outros títulos.
Nesta hora atual crítica, dois cardeais de língua alemã disseram publicamente que apenas os homens podem ser ordenados ao sacerdócio, informou a agência “Catholic News Reporter”.
“As mulheres não podem ser chamadas para esse cargo”, disse o cardeal Gerhard Ludwig Müller ao portal suíço kath.ch no dia 7 de junho.
O cardeal alemão, que ocupou o cargo de prefeito da Congregação – agora Dicastério – para a Doutrina da Fé de 2012 a 2017, enfatizou os fundamentos teológicos e doutrinários dessa certeza, dizendo que a proibição das mulheres da ordenação sacerdotal está profundamente enraizada no próprio sacramento.
Müller ensinou teologia dogmática na Universidade Ludwig Maximilian de Munique. Ele enfatizou que tal como “um homem não pode tornar-se mãe e uma mulher não pode tornar-se pai”, apenas os homens são chamados ao sacerdócio, registrou a CNA Deutsch.
“A vocação vem de Deus. Seria preciso reclamar com o próprio Deus que criou os seres humanos como homem e mulher.”
Müller destacou que “a Igreja não pode ser representada por um homem porque Maria, a Mãe de Deus, é o seu arquétipo. É da natureza do sacramento que apenas um homem possa representar Cristo em relação à Igreja”.
Os pronunciamentos do prelado alemão foram acompanhados pelos do cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, informou a CNA Deutsch.
Sacerdotisas não são possíveis na Igreja
Num sermão na Universidade Católica ITI, na Áustria, no dia 1 de junho, Schönborn disse estar “profundamente convencido de que a Igreja não pode e não deve mudar isto”.
O Cardeal Schönborn reafirmou que a ordenação de mulheres violaria um princípio eclesiológico fundamental.
Em 1994, João Paulo II, citando o ensinamento tradicional da Igreja, escreveu na carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis:
“Para que se dissipem todas as dúvidas sobre um assunto de grande importância que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmação dos irmãos (cf. Lc 22,32), declaro que o a Igreja não tem qualquer autoridade para conferir a ordenação sacerdotal às mulheres e que este julgamento deve ser definitivamente mantido por todos os fiéis da Igreja”.
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A festa da Assunção de Nossa Senhora foi constituída em dogma pelo papa Pio XII em 1 de novembro de 1950. A festa é comemorada no dia 15 de agosto também sob os títulos de Nossa Senhora da Glória ou de Nossa Senhora da Guia.
Esse dogma era ardentemente desejado pelas almas católicas do mundo inteiro, porque coloca Nossa Senhora completamente fora de paralelo com qualquer outra mera criatura.
Justifica-se assim o culto de hiperdulia que a Igreja lhe tributa. [“hiperdulia”: culto especial reservado à Virgem Maria, superior à “dulia”que se dedica aos santos e aos anjos].
Nossa Senhora passou por uma morte suavíssima que é qualificada com uma propriedade de linguagem muito bonita, como a “dormição de Nossa Senhora”.
“Dormiçao” indica que Ela teve uma morte tão suave, tão próxima da ressurreição que, apesar de ser uma verdadeira morte, entretanto mais parecia a um simples sono.
Nossa Senhora depois foi chamada à vida por Deus, ressuscitou como Nosso Senhor Jesus Cristo.
Subiu depois aos céus, na presença de todos os apóstolos ali reunidos, e de uma quantidade muito grande de fiéis.
Essa Assunção representa uma verdadeira glorificação aos olhos de toda a humanidade até o fim do mundo. É o proêmio da glorificação que Ela deveria receber no Céu.
É interessante fazermos uma recomposição de lugar para imaginarmos como a Assunção se passou. A respeito do fato não existem descrições e podemos imaginá-lo como nossa piedade gostaria.
Em baixo, os Apóstolos todos ajoelhados, rezando num ambiente com algo de inefavelmente nobre, sublime, recolhido, interior.
Podemos imaginar todos os Apóstolos com expressões de personagens de Fra Angélico.
Dormição de Nossa Senhora, Fra Angélico (1395 – 1455)
O céu enchendo-se gradualmente de anjos, à imagem dos anjos de Fra Angélico também, tomando os coloridos os mais diversos, com matizações e irradiações magnificas, um espetáculo absolutamente incomparável.
Se Nossa Senhora pôde dar ao céu um colorido tão diverso e produzir fenômenos tão excepcionais em Fátima, por que o mesmo não se teria dado por ocasião de Sua Assunção ao Céu?
Ela se coloca em pé enquanto o respeito e recolhimento de todos aqueles que estão lá vão crescendo.
A semelhança física dEla com Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Filho, vai se acentuando cada vez mais.
A glória de Nosso Senhor transfigurado se vai comunicando a Ela.
Ela cada vez mais rainha, cada vez mais majestosa, cada vez mais mãe.
Todo seu íntimo se manifestando de modo supremo nessa hora de despedida.
Alguns anjos, talvez, os mais esplêndidos do Céu, se aproximam e fazem Nossa Senhora subir.
Com o auxílio deles, Ela vai subindo e, aos poucos, o céu vai se transformando.
Assunção de Nossa Senhora.
Johannes, Wielki, Master of the Olkusz Poliptych, (1466-1497)
Na terra, aquela maravilha vai mudando, e volta ao aspecto primitivo.
Os homens voltam para casa com a sensação que tiveram na Ascensão de Nosso Senhor.
Ao mesmo tempo estão maravilhados, com uma saudade sem nome, desolados por algum lado, mas levando na retina algo que nunca tinham visto, nem podiam ter imaginado a respeito de Nossa Senhora.
Imediatamente, o triunfo de Nossa Senhora começa no Céu.
A Igreja gloriosa inteira vai recebê-La. Nosso Senhor Jesus Cristo A acolhe, todos os coros de anjos estão ai, São José está perto. Depois é coroada pela Santíssima Trindade.
É impossível pensar nesse triunfo terreno, sem pensar no triunfo celeste que veio logo depois.
É a glorificação de Nossa Senhora aos olhos de toda a Igreja triunfante e aos olhos de toda a Igreja militante.
Com certeza, nesse dia também a Igreja padecente no Purgatório recebeu uma efusão de graças extraordinárias.
Não é temerário pensar que quase todas as almas que estavam purgando suas penas foram libertadas por Nossa Senhora nesse dia. De maneira que também ali houve uma alegria enorme.
Assim é que podemos imaginar como foi a gloriosa Assunção de nossa Rainha.
Algo disso se repetirá quando vier o Reino de Maria prometido em Fátima, quando virmos o mundo todo transformado e a glória de Nossa Senhora brilhar sobre a terra, porque Seu reinado começou de modo efetivo, e dias maravilhosos de graças, como nunca houve antes, começam a se anunciar também.
Antes de contemplarmos a glória de Nossa Senhora no Céu, nós havemos de contempla-la na terra certamente, com algo que poderá nos dar alguma semelhança desse triunfo sem nome que deve ter sido a Assunção de Maria.
Quando pensamos nos triunfos que os homens preparam para seus grandes batalhadores, por exemplo, as tropas francesas desfilando sob o Arco do Triunfo, depois da Guerra de 14-18, ou mais pocamente nos triunfos que os romanos preparavam para seus generais vencedores, devemos compreender que Nosso Senhor Jesus Cristo que é infinitamente mais generoso, deve ter premiado Nossa Senhora, no triunfo dEla aos olhos dos homens de um modo também incomensuravelmente maior.
Coroação de Nossa Senhora no Céu.
Fra Angelico (1395 – 1455). Galeria degli Uffizi, Florença.
Portanto, tudo quanto existe de mais glorioso e triunfal na Criação, terá certamente brilhado na hora da Assunção de Nossa Senhora.
Meditando nisso, aproximamo-nos nessa festa pensando na virtude que devemos pedir a Nossa Senhora.
Cada um deve pedir a virtude que mais carece.
Mas, não haveria demasia em pedirmos a Ela uma virtude: que é o senso da glória dEla. Quer dizer, compreender bem tudo quanto representa Sua gloria na ordem da Criação.
Como essa glória é a mais alta expressão criada da glória de Deus.
Nós devemos ser sedentos de defender pela virtude de combatividade levada ao seu último extremo a glória de Nossa Senhora na terra.
Fazer de nós verdadeiros cavaleiros cruzados de Nossa Senhora, lutando por Sua glória na terra.
Essa me parece a virtude mais adequada nessa festa de glória, que é a Assunção de Nossa Senhora.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra pronunciada em 14.8.65, sem revisão do autor).
Vídeo: São João del Rei: solenidades da Dormição e Assunção de Nossa Senhora 2016
Vídeo: Festa da Assunção de Nossa Senhora, Cantillana, Espanha
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Na Coreia do Sul os batismos aumentaram 24% no ano de 2023 dando prosseguimento a percentagens análogas registradas nos anos anteriores, ecoou “Il Timone”.
Segundo dados do relatório “Estatísticas da Igreja Católica na Coreia 2023” da Conferência Episcopal Coreana, nesse ano foram batizadas no país 51.307 pessoas, superando as 41.384 de 2022.
Os 51.307 batizados em 2023 incluem 12.832 crianças, 34.511 adultos e 3.964 pessoas em perigo de morte. Em 2022 foram: 11.853 batismos infantis, 26.031 batismos de adultos e 3.500 batismos de pessoas em perigo de morte.
O relatório também registra que o número total de católicos na Coreia do Sul aumentou 0,3% em relação a 2022 atingindo um total de cerca de 5.970.675 fiéis.
O crescimento da Igreja Católica no país nos últimos 30 anos é tido como “explosivo” porque em 1995 havia 2.885.000 católicos, e em 2005 subiram para 5.015.000.
Crescimento dos católicos nas últimas décadas é considerado 'explosivo'
Se olharmos, porém, para os últimos 50 anos, o número de católicos na Coreia do Sul aumentou quase 1.200%.
Figuras muito populares, como o cantor Rain, se converteram ao catolicismo, contribuindo para aumentar o prestígio da Igreja na Coreia. Outros católicos famosos incluem o cantor e ator Taemin, a patinadora Yuna Kim e o cantor e compositor Bada.
Os católicos representam atualmente 11,3% da população total do país de 52,7 milhões, um total que se manteve estável nos últimos anos.
No que diz respeito à participação média na missa dominical, o relatório da Conferência Episcopal da Coreia do Sul registrou um aumento de 1,7% em 2023, atingindo 805.361 presenças.
Isso significa que 13,5% dos católicos frequentam regularmente a igreja, uma proporção que deixa muito a desejar e que acompanha a catastrófica crise mundial do catolicismo no período pós conciliar.
Segundo o (CARA), em termos de participação na Santa Missa, a Coreia do Sul fica perto do baixíssimo 11% de participação na Letônia e 14% no Canadá.
A “fumaça de Satanás” que está sendo soprada sempre mais na Igreja Católica, infelizmente até desde as mais altas esferas eclesiásticas, mas está sendo contraditada pela ação do Espírito Santo.
Não é difícil perceber que Satanás voltará a ser derrotado ainda que possamos passar por momentos críticos de magnitude universal.
As conversões na Coreia do Sul e em outros países dá-nos uma injeção de esperança, mostrando-nos que a graça divina, pela Mediação Universal de Nossa Senhora se está fazendo sentir com extraordinária força de atração superando todas as insídias infernais.
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O acadêmico espanhol Miguel Salas alertou contra a procura de um lazer muito fácil que rende muito pouco como é ficar parasitado ante a TV ou o celular prejudicando o futuro intelectual das crianças e jovens, reportou “La Nación”.
Ele apresentou bons conselhos para que as crianças deixem de lado os prazeres efêmeros da tecnologia e adotem o benéfico hábito da leitura.
Ele destacou que a leitura exige concentração, profundidade e silêncio enquanto que o ritmo de vida “em que vivemos incentiva o contrário”.
Quase 80% das crianças que tem o bom hábito da leitura foram incentivadas por seus familiares. “Sobretudo na infância os livros são uma oportunidade de se abrir ao mundo, de viverem outras vidas, de viajar para lugares que não se sabe achar no mapa quando se é muito pequeno”, afirmou.
“Aprender a ler é acender uma fogueira, cada sílaba que se escreve é uma faísca”, dizia Victor Hugo e não se enganou.
Para o acadêmico, as crianças que se habituaram a ler desde pequenas colhem benefícios ao longo de toda a vida: superioridade na carreira, melhorias sociais e individuais, muito importante desenvolvimento das habilidades de comunicação porque a criança que lê se expressa e compreende melhor.
O aumento do vocabulário é óbvio. “Aos 20 meses de idade, uma criança educada num ambiente cultural alto reconhece cerca de 200 palavras. E aquela com baixo nível sociocultural discerne 20. A diferença é abismal porque um mundo de 20 palavras não é igual a um de 200”, explica.
Na leitura, as crianças se preparam para serem bem sucedidas na vida
A leitura é fundamental no desenvolvimento da imaginação e centenas de estudos comprovam que a leitura está diretamente relacionada ao bom desempenho das crianças na escola.
A leitura também incentiva a empatia bem direcionada.
Ela faz o leitor esquecer suas preocupações e se concentrar tão perfeitamente que é quase como se estivesse meditando.
Salas sugere fazer com a leitura o mesmo que faz a família estabelecendo horários para refeições, estudo ou trabalho, “só meia hora por dia, não é preciso mais”, aconselha.
O acadêmico Miguel Salas explica em entrevista de TV (em espanhol)
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As distrações da tecnologia digital pareciam que levariam ao esquecimento da arte da conversação, observou a revista econômica “The Economist”.
A revista evocou a George Orwell que na sua famosa novela de um mundo de pesadelo escreveu que o rádio está sempre ligado e “a música impede que a conversa se torne séria ou mesmo coerente”.
“The Economist" é uma revista laica e liberal focada com grande sucesso e respeitabilidade na atividade econômica. Dir-se-ia que não esse não é um tema de seu interesse nem dos seus leitores, na maioria empresários e homens de negócio.
Porém, a revista percebeu uma forte queda na habilidade de conduzir negociações nas novas gerações formadas num ambiente digital de mensagens instantâneas breves e simplificadas, mal redigidas a ponto de gerar confusão.
Lembrou o livro de 2006 do ensaísta americano Stephen Miller, intitulado “Conversa: História de uma arte em declínio”, em que o autor se preocupava porque os equipamentos de música digital e os computadores estão levando as pessoas a evitar as conversas reais com as pessoas.
Saber conversar é indispensável para o bom andamento dos negócios
Um crítico do livro de Miller considerou “surpreendente” que as gerações passadas gostassem de uma noite de conversa como uma forma de prazer social quando o americano moderno prefere passar a noite navegando na Internet.
Livrarias de Nova York como Barnes & Noble ou Borders oferecem prateleiras de manuais sobre como falar melhor. A maioria deles visa pessoas que desejam falar de forma mais persuasiva e envolvente para progredir em suas carreiras.
E para isso fazer amigos e influenciar pessoas, é preciso charme, cortesia e desejo de compreender as ideias e opiniões dos outros, ainda que só seja com interesse lucrativo.
Sir Isaiah Berlin, um filósofo letão de Oxford que morreu em 1997, foi tido como dos maiores conversadores que já existiram, comparável, Robert Darnton, historiador de Princeton, a Denis Diderot, o filósofo iluminista francês do século XVIII.
Um relato de época descreveu a conversa de Diderot como “animada por uma sinceridade absoluta, sutil sem obscuridade, variada em suas formas, deslumbrante em seus voos de imaginação, fértil em ideias e em sua capacidade de inspirar ideias nos outros.
“Deixávamos-nos flutuar durante horas seguidas, como se deslizássemos por um rio fresco e límpido, cujas margens eram adornadas com ricas propriedades e belas casas”.
A arte da conversa adquiriu um charme único na França antiga.
Winston Churchill foi tido como talvez o maior orador do século XX. Virginia Woolf segundo um biógrafo, tinha “desempenhos maravilhosos em conversas, transformando-se em invenções fantásticas enquanto todos se sentavam e, por assim dizer, aplaudiam”.
O grande orador romano Cícero, do século I a.C., também é muito procurado.
Ele explicou a necessidade de “falar claramente; fale com facilidade, mas não muito, especialmente quando os outros querem a sua vez; não interrompa; seja gentil; lidar com seriedade com assuntos sérios e graciosamente com os mais leves; nunca critique as pessoas pelas costas; atenha-se a assuntos de interesse geral; não fale sobre você; e, acima de tudo, nunca perca a paciência”.
Dale Carnegie, que construiu seu credo em torno do ditado “time is Money” foi professor de oratória e em 1936 alertou para o fato de que os americanos precisavam de uma educação mais ampla na “bela arte de conviver”.
Seu livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas” é impresso 70 anos depois e já vendeu 15 milhões de cópias.
As regras de conversação de Cícero estão na base das culturas e das épocas que sobressaíram na história.
A boa conversa e a boa educação têm características comuns ao longo do tempo e da cultura, e de fato os manuais mais recentes têm poucos princípios fundamentais a acrescentar.
Os manuais mais modernos à venda em New York acrescentam apenas conselhos mais concretos. Aliás, acrescentamos nós, intuitivos para os nobres mestres da conversa.
Por exemplo, cita “The Economist” cita as maneiras rápidas da Sra. Shepherd para saber se a gente está entediando seus ouvintes.
Sem boa conversa o encontro é tedioso e estéril.
Por exemplo: “Nunca fale ininterruptamente por mais de quatro minutos de cada vez” e “Se você é a única pessoa que ainda tem um prato cheio de comida, pare de falar”.
Entretanto as dicas práticas não captam nada da alegria que advém do domínio da conversação. E essa alegria é a que mais atrai aos convivas. E a grande ausenta das comunicações digitais.
Madame de Staël, grande conversadora e intelectual do Antigo Regime francês, chamava a conversa de “um meio de dar prazer recíproca e rapidamente uns aos outros; de falar tão rápido quanto se pensa; de desfrutar espontaneamente; de ser aplaudido sem trabalhar”.
Platão elogiava Sócrates porque seus diálogos constituem “uma busca entre amigos... das ideias divinas do verdadeiro, do belo, do bom”, escreveu estudioso francês moderno, Marc Fumaroli.
A era de ouro da conversação foi elevada ao máximo grau do charme e do deleite pelas elites francesas no final do século XVII e início do século XVIII. Assim conquistaram o mundo que não entendia o que era ser culto sem seguir seu exemplo.
A aristocracia francesa voltou as suas energias para o entretenimento. Um homem que não dominasse a arte da conversa corria o risco de se ver desvalorizado, ainda que tivesse muitas outras qualidades.
A conversa dos salões e salas de jantar franceses tornou-se tão estilizada quanto um balé. Era básico cultivar a polidez (boas maneiras sinceras), esprit (inteligência), galanterie (galanteria), complacência (observação), prazer (alegria) e lisonja.
Até os silêncios deviam ser julgados com precisão. O duque de La Rochefoucauld distinguiu entre um silêncio “eloquente”, um silêncio “zombeteiro” e um silêncio “respeitoso”. O domínio de tais “ares e tons”, disse ele, foi “concedido a poucos”.
No Ancien Régime, o salão francês excluía a política das conversas educadas, mas nos cafés britânicos, aliás obviamente protestantes e pragmáticos, a política era a principal preocupação.
Os estrangeiros notavam neles uma liberdade de expressão e uma mistura de classes e profissões despreocupada com as formas e os floreios intelectuais.
A decadência atual vem de pelo menos há dois séculos.
A arte da conversa criou um ambiente propicio para o bom relacionamento em tudo
O nobre Frances Alexis de Tocqueville entusiasmado pelos modos mais igualitários introduzidos no nascente EUA, no seu livro “Democracia na América”, observa que “um francês deve estar sempre falando, quer saiba alguma coisa sobre o assunto ou não; um inglês fica satisfeito quando não tem nada a dizer” e deplora a “estranha insociabilidade e a disposição reservada e taciturna dos ingleses”.
O escritor Charles Dickens, visitando a América do Norte no século XIX atribuía a culpa do espírito taciturno americano ao “amor ao comércio”, que limitava os interesses dos homens e lhes dava o temor de dizer coisas que beneficiassem a um concorrente.
“The Economist” ilustra a matéria que o preocupa com cenas brilhantes e distendidas da Belle Époque que hoje parecem pertencer a um mundo de sonho.
Entretanto, não só ilustram esplendidos e gaudiosos encontros sociais e familiares ou profundos debates intelectuais, mas também propiciam os grandes negócios.
Achando-se Dom Bosco com várias pessoas, durante o jantar, mandou ler uma carta do bispo de Spoleto, que lhe fazia grandes elogios.
O Pe. Francesia perguntou:
— O senhor não fica envaidecido com tantos elogios?
— Ora essa! Habituei-me a ouvir de tudo. Para mim tanto faz ler uma carta repleta de louvores como uma cheia de insultos. Quando me vem uma dessas cartas elogiosas, eu gosto de confrontá-la com as outras, e repito comigo mesmo: Como são desencontrados os juízos dos homens! Digam elas o que disserem, só interessa o que sou perante Deus.
(Fonte: Marquês Felipe Crispolti, "Dom Bosco", Salesiana, SP, 1945)
A primeira árvore de Natal no lar
A pintura no alto é de Franz Streussenberger (1806–1879).
Representa a primeira Árvore de Natal na cidade austríaca de Ried, concebida e ornada, em 1840, no lar da família Rapolter.
Depois do Presépio, a Árvore de Natal é o símbolo mais expressivo da época natalina. Naquela época, o aspecto comercial do Natal não era agressivo. No século XIX, a Árvore de Natal — também conhecida como a “Árvore de Cristo” — espalhou-se pelo mundo inteiro. É símbolo da alegria pelo nascimento do Divino Infante.
Procissão das velas em Lourdes, 25 de junho de 2014.
Ambiente privilegiado da família
“O que mais vale é a herança espiritual, transmitida não tanto por esses misteriosos liames da geração material, quanto pela ação permanente daquele ambiente privilegiado que constitui a família.
“Com a lenta e profunda formação das almas, na atmosfera de um lar rico de altas tradições intelectuais, morais e sobre tudo cristãs; com a mútua influência existente entre os que moram numa mesma casa.
“Influência esta cujos benéficos efeitos se prolongam para muito além dos anos da infância e da juventude, até alcançar o termo de uma longa vida naquelas almas eleitas que sabem fundir em si mesmas os tesouros de uma preciosa hereditariedade com o contributo das suas próprias qualidades e experiências.
“Tal é o património, mais do que todos precioso, que, iluminado por firme Fé, vivificado por forte e fiel prática da vida cristã em todas as suas exigências, elevará, aprimorará, enriquecerá as almas dos vossos filhos”.
(Fonte: S.S. Pio XII, discurso ao Patriciado e à Nobreza Romana, 5 de janeiro de 1941).
Filho! Não posso te atender agora... estou no alto do Cristo Redentor!
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs ...
Aconteceu
Um pregador anunciou:
─ No próximo domingo eu pregarei sobre a mentira, baseado no Capítulo 17 do Evangelho de São Marcos, e gostaria que todos o lessem, para facilitar o entendimento.
No dia aprazado, começou o sermão perguntando:
─ Os que leram o Capítulo 17 de São Marcos, por favor levantem a mão.
Quase todas as mãos se levantaram.
─ Vocês são exatamente as pessoas às quais se aplica o que eu tenho a falar, porque não existe o Capítulo 17 em São Marcos.
* * *
Durante um banquete, um orador se alongava sobre assunto desinteressante. Um dos convivas conseguiu sair sorrateiramente, mas deparou logo na saída com outro, que também conseguira escapar. Este perguntou:
─ Ele já terminou?
─ Já, há muito tempo. Mas ele não consegue parar.
* * *
Quando saiu de casa para a igreja, no domingo, o menino recebeu duas moedas iguais, sendo uma para a coleta e a outra para uso pessoal. Brincando com elas no caminho, uma caiu no bueiro, de modo irrecuperável. E o menino desabafou:
─ Lá se foi a moeda do vigário!
* * *
Um figurão de Wall Street apaixonou-se por uma atriz, e freqüentou festas com ela durante alguns meses. Afinal, decidiu casar-se, mas para evitar dissabores futuros contratou um detetive para apurar os antecedentes da pretendida. E recebeu o seguinte relatório:
─ Reputação excelente. Passado sem nada desabonador. A única referência negativa é que nos últimos meses ela tem sido vista em companhia de um homem de negócios de reputação duvidosa.
(Fonte: Edmund Fuller, “Thesaurus of Anecdotes”, Crown, NY, 1942, 489 p.)
Santo Antônio e o dissoluto-futuro mártir
Sempre que encontrava na rua um certo homem de vida dissoluta, Santo Antonio de Pádua tirava o chapéu, fazia uma genuflexão e o saudava respeitosamente.
Aborrecido com a cena que assim se repetia, o crápula um dia tirou da bainha a espada e gritou para o Santo:
— Pare com essa palhaçada, ou então vou lhe mostrar a força desta arma!
Com profundo respeito, Santo Antonio respondeu:
— Glorioso mártir do Senhor, lembre-se de mim quando estiver sendo atormentado.
A resposta foi uma gargalhada, pois o comentário parecia provir de um louco. Anos depois, em viagem comercial à Palestina, foi tocado pela graça divina, converteu-se e passou a pregar a fé cristã aos sarracenos, sendo então martirizado.
(Fonte: NAIR LACERDA - Grandes Anedotas da História - Cultrix, SP, 1977, 301 p.
Alexandre Dumas e seus problemas
Alexandre Dumas costumava receber com liberalidade, para participar da sua mesa, qualquer pessoa que se apresentasse, e muitas vezes se apresentavam desconhecidos. A um desses, quando apareceu para almoçar, ele cumprimentou. — Bom dia, meu caro... meu caro... Mas, veja que idiota eu sou: não me lembro do seu nome.
O recém-chegado disse o próprio nome. — Ah, é verdade! Desculpe-me. Mas certamente não nos vemos há muito tempo. Quando nos vimos pela última vez? — No Monte Sinai. O senhor estava montado num camelo, e me convidou para almoçar aqui algum dia... — Vejam só! E ele veio!
Fonte: FERNANDO PALAZZI - Enciclopedia degli Aneddoti - Ceschino, Milano, 1935, 2 vol
Os oficiais de justiça eram um pesadelo para Alexandre Dumas, que tinha de entender-se diariamente com vários. Um dia, apresentaram a ele uma folha em que se colhia uma subscrição, e explicaram: — Queremos uma contribuição de vinte francos para o enterro de um oficial de justiça. — Levem quarenta francos e enterrem dois. Fonte: FERNANDO PALAZZI - Enciclopedia degli Aneddoti - Ceschino, Milano, 1935, 2 vol
Jesus Cristo é a Vida, entretanto em Belém recusaram abrir as portas para Ele
Santo Antonio Maria Claret:
"Jesus Cristo em Sua Encarnação, em sua Natividade e em toda sua vida aceitou voluntariamente humilhar-se e ser desprezado por outros.
"Pode-se fazer maior afronta a um homem do que ser ele desprezado por seus próprios concidadãos, e que não se encontre nem um só em sua própria região que lhe conceda um albergue, nem mesmo por uma única noite?
"Pois isto efetivamente sucedeu a Jesus Cristo em Belém: para todos os demais -- velhos e jovens, homens e mulheres, nobres e plebeus -- houve alojamento. Só Jesus, com Sua Mãe, se viu desprezado de todos e se achou na contingência de nascer em um estábulo. ....
"O que manifesta mais claramente meu orgulho aos meus olhos é que eu me vejo honrado muito mais do que Vós o fostes, e ainda assim não estou contente.
O rei, pai dos pais da França. (foto: Luís XVI e Maria Antonieta)
"Dá-me um abraço, meu pequeno normando, eu quero ver o teu país" — dizia, galante e afetuosamente, Luís XVI a um bebê de quinze meses, Duque da Normandie, Delfim da França e futuro órfão do Templo. Assim a viagem começava.
Em Houdan, uma mulher do povo aproximou-se dele e ajoelhou-se para pedir um favor para uma camponesa, mãe de numerosa família. Assim que o Rei a levantou, ela saltou-lhe ao pescoço, chorando de felicidade:
— Eu vejo um bom Rei, eu não quero mais nada neste mundo!
Em Chandai, cena idêntica. Falaise foi graciosamente primaveril. Cinqüenta mocinhas vestidas de branco fizeram cortejo, atirando-lhe flores a mãos-cheias. No dia seguinte, em Caen, Sua Majestade recebeu as chaves. Uma de ouro, outra de prata, enfeitadas com uma fita onde se lia: "Cordibus apertis inutiles!" — Inúteis, pois os corações já estão abertos!
No dia seguinte, o Rei chega ao Havre. Logo cedo, antes da Missa na Igreja de Notre Dame, anunciam-lhe a presença da abadessa de Montvilliers. Ela acaba de chegar para fazer a homenagem de um pavão branco, que a sua abadia deve ao Rei da França toda vez que ele passa pelo território de Lillebonne. É puro! É inocente! E por isso dá uma profunda felicidade!
Rezando antes da refeição
A mulher de avental poderia ser a governante da casa, ou talvez a própria mãe. Trata com muita delicadeza as crianças, sem lhes meter medo e sem quebrar o seu temperamento.
As crianças estão inteiramente distendidas, mas com o porte ereto, quase como num jantar de cerimônia. Apesar disto, todas elas estão na mais estrita intimidade.
Um dos encontros mais agradáveis que há na vida é o da alta educação dentro da distensão da intimidade.
As condições de vida de uma mãe de nossos dias, que trabalha fora, não lhe permitem alimentar essa delicadeza de alma. A beleza da alma feminina aparece aqui no que ela tem de mais respeitável.
Jean-Baptiste Chardin (Paris, 1699-1779)
Nossa Senhora e o Santíssimo Sacramento
Nossa Senhora foi Quem trouxe Nosso Senhor à Terra. Todas as graças que Nosso Senhor nos dispensa, dispensa-nos através de Nossa Senhora. Do alto do Céu, Nossa Senhora está continuamente adorando as Sagradas Espécies. Quando Elas são devidamente cultuadas, Ela lhes presta um culto jubiloso; quando elas são tratadas com indiferença e até com sacrilégio, Nossa Senhora lhes presta um culto de reparação. Nossa Senhora é a única criatura que presta um culto verdadeiramente digno de Nosso Senhor. As outras criaturas sempre têm algum defeito que macula o alcance dessa devoção. Pedir a Nossa Senhora que trate a Nosso Senhor Jesus Cristo por mim e em mim e que Ela ponha em minha alma todas as disposições que Ela tinha quando, na vida terrena, lidava com as coisas dEle. De tal maneira que Ele seja bem tratado como eu quisera que realmente Ele fosse. Pedir ainda mais: que pelo desdobramento do Segredo de Maria, o que dEla possa caber em mim, de fato visita a mim e seja como se Ela própria estivesse em mim. De maneira que cada disposição interna de minha alma, cada gesto meu sejam como uma disposição e um gesto dela.
São Carlos Borromeu: virtude e vício destacam-se no nobre
"Assim como uma pedra preciosa refulge mais quando engastada em ouro do que em ferro, assim as mesmas virtudes são mais esplendorosas no nobre do que no plebeu; e à virtude junta-se a nobreza, como o maior ornamento dela...
"Tal como no nobre é muito mais esplêndida a virtude, também nele o vício é de longe muito mais vergonhoso. Assim como mais facilmente se nota a sujeira num lugar claro e batido pelos raios do sol do que num canto obscuro, e as manchas numa veste de ouro do que numa veste comum e andrajosa, ou, por fim, marcas e cicatrizes no rosto do que em outra parte oculta do corpo, assim também os vícios são mais notáveis e chamam muito mais a atenção, e mais vergonhosamente desfiguram o espírito dos culpados, nos nobres do que nos homens de condição vulgar"
(Homiliae CXXII, apud Plinio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Livraria Editora Civilização, Porto, Portugal, 1993, p.290). FONTE: CATOLICISMO
Santos disseram
É conhecido na vida de S. Bernardino de Siena o milagre pelo qual, recebendo do Superior a ordem de atravessar um rio, ele estendeu na água o próprio manto de lã e colocou-se de pé sobre ele, usando-o como se fosse um barco.
Quando alguém abordava o assunto, ele gracejava: — Vejam bem! É preciso cada um fazer as coisas de acordo com as próprias forças. São Pedro teve tanta fé, que caminhou sobre as águas. Eu, que tenho bem menos, precisei recorrer a um manto.
Um nobre pediu a Santo Inácio de Loyola conselhos que lhe permitissem reformar a própria conduta em oito dias. O Santo, que sempre orientava as pessoas a considerar a proximidade da morte, como incentivo para não pecar, perguntou: — Oito dias?! Mas o senhor tem certeza de que vai viver oito dias?
Um conhecido mau pagador pediu a S. Francisco de Sales: — Poderia emprestar-me vinte francos? — Em vez disso eu prefiro dar-lhe dez francos de presente. Assim, ambos ganhamos dez francos.
(Fonte: FERNANDO PALAZZI - Enciclopedia degli Aneddoti - Ceschino, Milano, 1935, 2 vol - LOC: 808.88-P1,P2)
Santa Teresa de Ávila tinha êxtases com freqüência, nos quais conversava com Nosso senhor Jesus Cristo com familiaridade. Viajando entre duas cidades, para o difícil trabalho de reforma do Carmelo, teve de transpor um precipício passando sobre uma pinguela. Um passo em falso, e ela caiu no abismo. Nesse momento Nosso Senhor lhe aparece e a resgata, trazendo-a de volta a lugar seguro. Santa Teresa perguntou: — Se o Senhor estava aí, por que não evitou que eu escorregasse? Seria muito mais fácil. — Teresa, é assim que eu trato os meus amigos. — É por isso que eles são tão poucos!
(Fonte: tradição oral)
Ditos do duque de Aveiro
O duque de Aveiro perguntou a um criado do marquês de Aiamonte:
— Qual o esporte que o seu patrão prefere?
— A caça com falcões. Ele tem mais de sete mil cruzados em aves de caça.
— Uns homens se perdem no mar e outros na terra. O sr. Marquês quer perder-se no ar.
O duque de Aveiro contratou o músico Francisco Mendes, que raramente era encontrado em casa. Contraindo dívidas, o músico recorreu ao duque:
— Poderia o senhor fazer-me o benefício de pagar o aluguel da minha casa?
— Acho muito justo o seu pedido, pois uma casa onde o senhor não mora nem está nunca, como há de pagar aluguel dela?
O duque de Aveiro encontrou dois fios de cabelo num prato. Chamou o garçom e ordenou:
— Vá dizer ao cozinheiro para pentear este prato.
Dois fidalgos portugueses discutiam. Um dizia que emprestara ao outro um chapéu, e o outro dizia que não se lembrava. Interveio o duque de Aveiro:
— Vós sois muito honrados fidalgos, mas cada um tem a sua mania: um se lembra do que dá, e o outro não se lembra do que lhe dão. Eu tenho ambas, pois nunca me lembro do que recebo, e guardo bem o que dou.
(Fonte: JOSÉ HERMANO SARAIVA - Ditos portugueses dignos de memória - Europa-América, Lisboa, 1997, 530 p.)
Frederico II, rei da Prússia
Um jovem berlinense apresenta-se a Frederico II, pedindo um emprego.
— De onde você é?
— De Berlim.
— Não quero berlinenses. Eles não prestam para nada.
— Senhor, como humilde súdito, não me compete contradizer a palavra do meu rei. Mas como se sabe que toda regra tem exceção, espero que Vossa Majestade não me repreenderá por apresentar ao menos duas.
— Quais são?
— A primeira é Vossa Majestade, e a segunda sou eu.
Fonte: FERNANDO PALAZZI - Enciclopedia degli Aneddoti - Ceschino, Milano, 1935, 2 vol
O rei protestante e o abade católico
Sob o rei Frederico II, da Prússia, estava proibida nos conventos católicos a admissão de novos monges.
Uma ocasião, ao percorrer um local com o seu irmão Henrique, o soberano admirou o modo como estavam cuidados os gramados, as plantações, os bosques de uma propriedade.
Indagou a quem pertencia, e lhe foi indicado um mosteiro no alto do monte. Chegaram até lá e foram muito bem recebidos por toda a comunidade, sendo-lhes mostrado tudo o que desejavam ver, na mais irrepreensível ordem.
Ficou tão satisfeito, que se dispôs a conceder aos monges a graça que pedissem.
O Superior se limitou ao seguinte:
— Majestade, gostaríamos de conceder o hábito a mais dois monges cada ano.
— Concordo, e até estou disposto a mandar os dois primeiros, a meu critério.
Depois, voltando-se para o irmão, cochichou numa língua estrangeira:
— Mandarei a eles dois burros.
Acontece que um dos monges entendia a língua em que falou, e logo informou ao Superior.
Antes de montarem a cavalo para partir, o Superior abordou novamente o rei:
— Ficamos tão agradecidos com o favor de Vossa Majestade, que vamos colocar nos dois primeiros monges os nomes de Vossa Majestade e do vosso irmão.
Fonte: FERNANDO PALAZZI - Enciclopedia degli Aneddoti - Ceschino, Milano, 1935, 2 vol
Do mítico cantor Caruso
O tenor Caruso e o baixo italiano Segurola cantavam La Bohème em Filadélfia, em 1916. De repente, Segurola perdeu a voz, e Caruso, que estava de costas para o público, junto ao leito de Mimi, percebeu a situação e começou a cantar com voz de baixo a ária Vecchia zimarra. Segurola continuou fazendo um simulacro de vocalização, e o auditório, que não percebeu o que ocorria, prorrompeu em aplausos estrondosos ao final.
Um vendedor de fonógrafos ofereceu um desses aparelhos ao tenor Caruso, apresentando como argumento que ele poderia gravar todo o seu repertório. Caruso gostou da idéia, e quis fazer um teste. Mas em vez de cantar, tocou um número de flauta. Depois de ouvir a reprodução, perguntou: — Isso é o que eu toquei? — Exatamente, senhor! — Então é assim que eu toco flauta? — Sim, senhor! É maravilhoso! — Claro, claro! — Quer dizer, então, que o senhor me compra o aparelho? — Não, mas eu lhe vendo minha flauta.
Fonte: VICENTE VEGA - Diccionario Ilustrado de Anécdotas - Gustavo Gili, Barcelona, 1965, 900 p.
O tigre e o caranguejo
O conde Luís de Canossa tinha pratarias preciosas. Um amigo, com o pretexto de encomendar uma cópia, pediu emprestado um objeto com a forma de tigre.
Três meses depois o objeto ainda não havia sido devolvido, e o conde mandou buscá-lo.
Algum tempo depois, o mesmo amigo mandou um portador buscar emprestado outro objeto com a forma de caranguejo, e obteve a resposta:
— Diga ao seu patrão que, se o tigre demorou três meses para voltar, apesar de ser o animal mais veloz, eu receio que o caranguejo demore três anos, e por isso acho melhor não o emprestar.
Fonte: ADOLFO PADOVAN - Il Libro degli Aneddoti - Bottega di Poesia, Milano, 1924, 338 p.
Uma tradição é um progresso que triunfou.
(Maurice Druon, secretário perpétuo da Académie Française)
Louis II de Bourbon, o Grand Condé
A gaffe de La Fontaine e o príncipe de Condé
La Fontaine foi convidado pelo príncipe Condé para um jantar no palácio de Chantilly. Como era extremamente distraído, não compareceu ao jantar e só se lembrou dele alguns dias depois.
A desfeita era grande, e não poderia ser justificada com a simples alegação do esquecimento. Aflito, o grande escritor não sabia o que fazer para desculpar-se quando encontrasse o grande marechal, vitorioso em tantas batalhas.
O dia fatídico chegou. Parando diante de Condé, La Fontaine disse:
— Senhor, peço mil perdões, mas já não sou digno da amizade com que me honrava Vossa Alteza.
Demonstrando profunda mágoa, Condé respondeu:
— Não o quero mais na minha presença, pois o senhor se portou como meu inimigo.
E virou-lhe as costas. La Fontaine deu a volta rapidamente, colocou-se novamente diante do príncipe e argumentou:
— Senhor, não sei como fazer, pois se eu permanecesse onde estava, seria a primeira vez que Vossa Alteza daria as costas a um inimigo.
Foi o suficiente para a reconciliação.
Fonte: GARBLASS - A bomba atômica do bom humor - Vecchi, RJ, 1946, 280 p.
Inscreva-se
O marechal Foch na I Guerra Mundial
Um americano conversava com o marechal francês Foch, comandante dos exércitos aliados na Primeira Guerra Mundial. — A polidez francesa é uma atitude vazia. É feita de vento. — Dentro dos pneus só existe o vento, mas com isso fica muito mais agradável e suave andar de carro.
Fonte: EDMUND FULLER - Thesaurus of Anecdotes - Crown, NY, 1942, 489 p.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o chofer do marechal Foch era constantemente interrogado por seus amigos, que lhe perguntavam: — Pedro, quando é que vai terminar a guerra? — Não sei. — Mas você tem de saber algo, pois está sempre com o marechal. — Sim, alguma coisa, mas nada de concreto. Quando souber de algo interessante, prometo que contarei. O tempo passava, e nada de interessante surgia, apesar da insistência dos amigos. Um dia ele apareceu com ar satisfeito. — Hoje o marechal me falou! — Verdade?! O que foi que ele disse? — Ele me perguntou: Pedro, quando você acha que vai terminar a guerra? EDMUND FULLER - Thesaurus of Anecdotes - Crown, NY, 1942, 489 p.
O general anti-católico diante do Papa
Um general francês de convicções anti-católicas deveria, por missão diplomática, ter uma audiência com Bento XV. Mas advertiu que não iria se ajoelhar diante do Papa, como é de praxe para um católico.
O cerimoniário submeteu o assunto ao Papa, que o dispensou da genuflexão.
Quando se aproximou a hora da entrevista, o general foi conduzido de sala em sala, cada uma mais majestosa e solene do que a outra. Chegando à ante-sala do Papa, já estava profundamente impressionado.
Tão impressionado, que diante do Papa achou melhor fazer como todos, e se ajoelhou. Com gentileza, o Papa então lhe perguntou:
D. Pedro II gostava de caminhar pelas ruas do Rio, como simples transeunte. Certo dia ele se encontrou com um negro, que manifestamente não desejava fazer o esforço de ceder passagem. Muito tranqüilamente, desceu do passeio e seguiu caminho.
O secretário, que o acompanhava, disse:
— Como Vossa Majestade pode se rebaixar assim diante de um negro?
— Se eu não aproveito a ocasião para lhe ensinar algo de educação, quem é que o fará?
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.