A ação da graça, e não o progressismo, movem aos recém batizados |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Na última Páscoa, mais de 7.000 adultos foram batizados na França. Nos últimos anos são cada vez mais numerosos os que assim entram na Igreja Católica, paradoxalmente enquanto Ela está em crise, mostrou o jornal “La Croix” em extensa reportagem.
Há uma contradição entre a marcha de muitos para a Igreja enquanto os agentes de sua demolição tudo fazem para afastá-los.
Na reportagem do “La Croix” se patenteia uma ação extraordinária da graça divina que passa por cima das insídias do “progressismo católico”.
O jornal descreve casos de conversao que culminaram no batismo por demais eloquentes da ação do Espírito Santo desconhecendo os erros e escândalos que o “progressismo católico” está multiplicando sem cessar e desde as mais altas posições da Igreja.
Um exemplo é o de Théo, de 10 anos. Um dia parou sua bicicleta ante a igrejinha de Nossa Senhora de La Salette, em Loire-Authion e seu pai Valentin lhe disse: “Theo, e se nós dois nos batizássemos?”. Um grande sorriso foi a resposta. E sem entender muito ainda, voltaram completamente empolgados com a ideia.
O pai Valentin era ateu, mas sentia sempre “uma presença” sobretudo quando ficava sozinho no apartamento em Meudon. Nesses momentos lembrava de igrejas de pedras maciças, seu silêncio, tinha a impressão de que eram “habitadas”. E assim começava a amá-las.
Quando seu pai morreu de câncer, foi à missa por formalidade mas as músicas lhe foram como um bálsamo.
Anos depois, já casado, o mais velho de seus três filhos com seis anos de nome Theo, começou a lhe fazer perguntas sobre “Jesus”. “Milhares de perguntas!” lembra Valentin que é técnico de vídeo.
Como não sabia o que responder, balbuciava meio perdido coisas do Antigo Testamento, Adão e Eva, Jesus... e foi ali que descobriu textos a pareciam escolhidos para ele.
O aumento de pedidos de batismo de adultos é um 'boom' na França |
Certas parábolas o intrigavam, falavam para ele frases como “a primeira pedra”, “o homem de pouca fé”, “transformando água em vinho”… As lia para Theo e ambos falavam sobre elas. Até aquele dia de verão ante a igrejinha perto do Loire que lhes veio a ideia de batismo.
Valentin e Théo sentaram-se nos bancos da capela de Saint-Remi, durante um ano, quase todos os domingos, reservados e atenciosos. As pessoas falaram com ele de “catecúmeno”, palavra que nunca ouvira.
Valentin começou a desatar seus nós confiando na Virgem. Foram batizados na última Páscoa.
Quando tinha quatro anos, Silvia acordou após sonhar que foi tocada pelo dedo de Deus na parte superior do tronco, onde, quando bebê, ela havia sido tratada de um angioma.
Um dia Silvia convidou seu pai médico para ir à missa. Ele estava bem longe de ser católico, antes bem era laicista, esquerdista, e até anticlerical.
Quando Silvia atingiu quarenta anos o sonho continuava vivo e fez psicanálise para interpretá-lo. Mas não adiantou de nada. Então uma coisa lhe ficou clara: Deus existe! Então uma como que “revelação caiu sobre ela”.
No começo achava estar delirando. Porém, mais tarde quando Silvia ouviu na missa “O Verbo que se fez carne”, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, ficou com raiva de seus pais por não lhe terem dado uma educação religiosa.
Ela decidiu fazer um retiro para decidir se se batizava. Na Internet encontrou a abadia Notre-Dame d’Argentan. Lugar de silêncio, obediência e oração, onde se enclausuram as irmãs beneditinas.
Em quatro dias de retiro, os cultos se sucediam em latim e Silvia “não entendia nada”, mas acompanhava o movimento, observava, imitava sentindo uma “imensa gratidão” pelo que lhe estava acontecendo.
Silvia sentiu a necessidade de ficar sozinha “para entrar numa conversa franca com Deus”. Nada da confusão das celebrações litúrgicas modernas. E lamentou não ter sabido antes do mosteiro, ela teria sido freira!
Batismo em Cherbourg: a procura do catolicismo contradiz a crise que grassa na Igreja |
Nas férias ia com a avó à missa todos os dias mas só para agradá-la, nem seu pai nem sua mãe praticavam.
As melhores amigas de Pauline eram muçulmanas e sentiu-se disposta a adotar o Islã. Procurou argumentos na Internet e achou de tudo inclusive um cristão desafiado por um muçulmano que o chamava de “perdido”.
Pauline se decidiu a travar batalha para defender seu “irmão cristão”. E entendeu que o Islã não fornecia certeza alguma. Até que encontrou na carta de São Paulo aos Gálatas: “Se um anjo do céu vos pregar um Evangelho diferente daquele que vos pregamos, seja anátema”.
A frase é muito anti-ecumênica e seu coração bateu fortemente: “como pode haver muçulmanos depois deste versículo?”, pensou.. “Mas está claro!”
E ela começou a rezar. E, diz, “eu me senti bem, muito bem”. A avó de Pauline veio especialmente da Martinica para assistir ao batismo em Mantes-la-Jolie.
Adrien fazia o ensino médio em Doubs e tinha a sensação de que “algo estava errado” no rumo que tomou o mundo.
Na sociedade ou nos homens tudo lhe soava falso, mal enjambrado, insatisfatório. Procurava por todo lugar traços de beleza e não achava. Só encontrava “a baixeza dos políticos”, as guerras e as opressões...
Começou a ler muito: poesia de Victor Hugo, pensadores como Rousseau, Kierkegaard, Marx, Proudhon, Bakunin…
Vasculhava os escritos de Santo Agostinho, São João Crisóstomo, São Tomás de Aquino e seus preconceitos caiam um por um. Só o catolicismo se mostrava perfeitamente coerente.
O número de pedidos surpreende aos sacerdotes |
Ele passou a amar o radicalismo católico. Adrien admirava os heróis, os “mistérios” da Igreja que o homem nunca compreenderá plenamente. Tudo o que o modernismo diz que não atrai os jovens.
Adrien finalmente bateu à porta da igreja. Quando o sacristão lhe perguntou o que o levou até ali, respondeu: “Fora da Igreja não há salvação. Aqui estou”. O sacristão arregalou os olhos: era tudo o que a igreja conciliar ensinava a ocultar para atrair os jovens!
Adrien deixou de estar esmagado pelas desgraças do mundo. A ideia da vitória divina o tranquilizava: “O Senhor retornará no fim dos tempos. Ele triunfará”. E com essa certeza se aproximou à pia batismal.
Manoë Leroy quando tinha quase 18 anos se sentia no fundo do buraco. É filha de uma situação hoje bastante frequente: uma infância destroçada, um pai ausente, um irmão viciado em drogas, uma mãe sobrecarregada, etc...
Ela lutava contra uma terrível sensação de vazio e desconforto. Mas “assim que li a vida de Jesus, algo aconteceu dentro de mim”. Ela levou uma Bíblia comprada em qualquer parte e começou a rezar longe dos bancos da igreja.
Poucos dias antes do batismo, Manoë custava se concentrar nas aulas, tinha a sensação de que algo estava preenchendo seu vazio, de estar menos dominada pela dúvida. A certeza estava nas águas batismais abençoadas por Deus.
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