Santa Maria in Vado, em Ferrara no ano 1171 |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Em março de 2021, serão celebrados os 850 anos do Milagre Eucarístico de Ferrara que impressiona até hoje e movimenta romarias.
Ele aconteceu na Páscoa de 1171 (28 de março), na atual Basílica de Santa Maria, em Vado, Ferrara, Itália.
A igreja leva o nome de Santa Maria in Vado e a aldeia “Borgo Vado” porque havia uma passagem (“vado”) para cruzar o rio Ferraruolo.
A passagem não devia ser tão fácil porque desde 454 no local havia um capitel com uma imagem da Virgem Maria para se encomendar a ela.
Em 657 o capitel deixou o lugar a uma igreja e, depois do milagre eucarístico, à basílica.
Naquele ano de 1171, o Pe. Pietro de Verona, prior da Basílica, celebrava a Santa Missa da Ressurreição.
O celebrante também era prior dos Cónegos Regrantes Portuenses e era assistido por três irmãos: Bono, Leonardo e Aimone.
Captura da Internet. Fonte: Therealpresence.org |
Segundo as crônicas um “sagrado terror da celebração acompanhado de imenso maravilhamento tomou conta do povo amontoado na pequena igreja”.
Muitas testemunhas afirmaram ter visto na Hóstia ensanguentada a figura de um Menino.
O milagre do Sangue de Santa Maria in Vado teve um significado histórico e doutrinal preciso.
A doutrina católica sobre a Eucaristia estava sendo fortemente questionada. Principal negador da presença real foi Berengário de Tours, que viveu nos anos de 1000 a 1088.
Ele argumentava que a Eucaristia não é mais do que pão e vinho que serve apenas para lembrar o Corpo e do Sangue de Cristo. Ugo Speroni considerava a Santa Missa apenas um banquete comemorativo da Última Ceia.
E os hereges cátaros não só negavam o dogma da transubstanciação mas também excluíam a celebração da missa.
Santa Maria in Vado, atual Santuário del Preziosissimo Sangue. No alto da escadaria o local do milagre |
Foram informados imediatamente o bispo Amato de Ferrara e o arcebispo Gerardo de Ravenna, que constataram com os seus próprios olhos o Sangue do Milagre “que de cor vivíssima avermelhava a abóbada acima do altar”.
A igreja virou meta de peregrinação e foi sendo reestruturada e ampliada por ordem do Duque Ercole I d’Este, a partir de 1495.
Em 6 de março de 1404, o Cardinal Giovanni Migliorati com uma Bula concedeu indulgências a “quem visite a igreja e renda homenagem ao Sangue Prodigioso”.
O Papa Eugénio IV em Bula de 30 de março de 1442 fala do prodígio com base no testemunho de fiéis e a fontes históricas e prescreve que a basílica “deve ser honrada porque nela o Corpo e o Sangue de Cristo apareceram manifestamente durante a missa”.
O humanista Célio Calcagnini escreveu a crônica Declaratio Miraculi em 1526.
Fachada do Santuario del Preziosissimo Sangue |
Aliás, os três documentos foram redescobertos no arquivo dos cônegos de Latrão de Roma, em 1971.
Mas o relato mais antigo foi feito por Gerardo Cambrense em 1197, muito próximo da ocorrência do milagre e está conservado na Lambeth Palace Library.
Hoje, no dia 28 de cada mês na Basílica, os Missionários do Preciosíssimo Sangue de São Gaspar de Búfalo, custódias do templo, promovem a Adoração Eucarística em memória do milagre.
A cada ano, em preparação da festa do “Corpus Christi”, se celebram as solenes Quarenta Horas.
Entre os peregrinos ilustres estão os Papas Alexandre III (1177), Urbano III (1187), Eugenio IV (1438), Clemente VIII (1598), Pio IX (1857) e João Paulo II (1990)
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