quinta-feira, 14 de março de 2013

Mil padres católicos britânicos denunciam retorno às perseguições religiosas como fruto do “casamento” homossexual

Capela St Giles, Cheadle, do arquiteto Pugin. Foto: Pe. Lawrence OP
Capela St Giles Cheadle, do arquiteto Pugin. Foto: Pe. Lawrence OP.

Em uma das maiores cartas conjuntas do gênero, mil sacerdotes católicos britânicos denunciaram que a liberdade de praticar e falar sobre a sua fé será “severamente” limitada, caso seja aprovado o “casamento” homossexual no país.

O projeto já foi aprovado pela Câmara dos Comuns (deputados) e deverá ser votado pela Câmara dos Lordes (senadores). Os sacerdotes repudiam como “sem sentido” as garantias oferecidas pelo governo do político conservador David Cameron.

Eles comparam a tentativa de redefinir o casamento com o golpe dado pelo rei Henrique VIII, que tirou a Inglaterra do seio da Igreja para poder divorciar-se da rainha Catarina de Aragão.

Henrique VIII deu assim origem à igreja anglicana atual, hoje em fase de desfazimento moral e de organização.

Como muitos católicos não aceitaram o cisma, o mau rei começou repressões que duraram séculos, trouxeram a guerra civil, arruinaram o país e o separaram de Roma.


Para os mil sacerdotes, os planos favorecedores dos homossexuais da coligação que governa a Grã-Bretanha impedirão os católicos e outros cristãos que trabalham em escolas, instituições de caridade e organismos públicos, de falar livremente sobre suas crenças e o significado do casamento.

Até a liberdade de falar no púlpito pode estar sob ameaça, dizem.

Os fiéis que acreditam no sentido tradicional do casamento seriam efetivamente excluídos de alguns postos de trabalho, do mesmo modo como até o século XIX os católicos foram alijados de muitas profissões pela Reforma protestante.

Até 1829, os católicos na Grã-Bretanha e Irlanda foram impedidos de exercer diversas profissões, ou mesmo de se reunirem para rezar quando da vigência de um corpo de restrições conhecidas coletivamente como as leis penais.

Catedral de Ely, Inglaterra
Catedral de Ely, Inglaterra
Os professores poderão enfrentar medidas disciplinares caso se recusarem a promover o casamento homossexual, uma vez implementada a alteração.

Capelães de hospitais, de prisões e do Exército também poderiam ser perseguidos se pregarem que o casamento somente entre um homem e uma mulher.

Os sacerdotes escrevem:

“Depois de séculos de perseguição, os católicos foram capazes nos últimos tempos de exercer profissões e participar plenamente na vida deste país.

“Se promulgada, a legislação sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo terá muitas consequências legais, restringindo a capacidade dos católicos de ensinar a verdade sobre o casamento em suas escolas, instituições de caridade ou locais de culto.

“Não tem sentido argumentar que os católicos e outros ainda podem ensinar suas crenças sobre o casamento em escolas e outras esferas, se ao mesmo tempo se espera que também defendam o ponto de vista oposto”.

Argumentando que o casamento tradicional é “o fundamento e o alicerce fundamental da nossa sociedade”, acrescentam: “Exortamos os membros do Parlamento a não terem medo de rejeitar esta legislação, agora que suas consequências são mais claras”.

O bispo de Portsmouth, Dom Philip Egan, um dos signatários, insistiu em que a comparação com as leis penais não foi um exagero. “É muito orwelliano tentar redefinir o casamento”, acrescentou.

O Reverendíssimo Dr. Andrew Pinsent, proeminente teólogo da Universidade de Oxford, que também assinou a carta, disse:

Nossa Senhora de Walsingham, padroeira da Inglaterra.  A imagem original foi queimada durante  a perseguição mencionada pelos 1.000 sacerdotes
Nossa Senhora de Walsingham, padroeira da Inglaterra.
A imagem original foi queimada durante
a perseguição mencionada pelos 1.000 sacerdotes
“Nós somos muito sensíveis a isto historicamente, porque naturalmente a reforma começou na Inglaterra como uma questão de casamento. Henrique VIII poderia ter sido perdoado por seu adultério, mas ele não o quis, ele quis controlar o casamento e redefinir o que era e o que não era um casamento.

“Estou muito ansioso de que, quando estivermos pregando na igreja ou ensinando em nossas escolas católicas ou testemunhando a fé cristã sobre qual seja o casamento que não seremos capazes de fazer, possamos ser presos por fanáticos ou homofóbicos.

“Porque a Igreja não iria admitir aquele ponto que lançou três séculos de grande agitação na sociedade inglesa, e da perspectiva católica a vida era muito difícil.

“Tememos que o que está acontecendo agora seja a colocação em prática de uma rede de leis, o que violaria a liberdade de consciência”. E acrescentou: “Eu acho que as pessoas na bolha Westminster subestimaram o nível de preocupação no país ¬– há em nível local uma grande preocupação sobre essas coisas”.

Um porta-voz do Departamento de Educação tentou dissipar os temores, mas o fez naqueles termos que soem usar os políticos para ludibriar a oposição e que depois não são cumpridos.

A carta foi uma iniciativa de sacerdotes locais. Nela infelizmente os bispos estão ausentes, quando o razoável seria que estivessem à testa em razão de sua alta condição.

Nas últimas semanas, o arcebispo de Westminster, Dom Vincent Nichols, e outros líderes católicos da Grã-Bretanha fizeram críticas dialéticas aos planos de David Cameron. Na opinião de muitos, os termos intermediários e as concessões ao “casamento” sodomítico abrem espaços para a avançada da agenda homossexual.

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