terça-feira, 13 de julho de 2021

Americanos procuram charme e história das árvores antigas

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Uma árvore anosa no jardim costuma estar ligada a eventos familiares, e até sociais ou de um país, sendo em muitos casos um testemunho vivo da história e da tradição que a modernidade recusa, incompatível com os novos estilos arquitetônicos.

Acontece que nos tempos atuais cresce a apetência de fazer casas novas com estilos tradicionais.

As novas técnicas e um vasto leque de restauradores ou artesãos produtores de objetos antigos, prosperam procurados pelos proprietários sedentos de passado e fugitivos da modernidade.

A tendência é forte nos EUA, mas enfrenta dificuldades. Entre elas, o fato de o jardim de uma casa nova não tem árvores anosas que aportam seu prestigioso charme de tradição. E até sua ausência denuncia uma modernidade não palatável.

A solução, entretanto, apareceu: Walter Acree um jovem rebelde que cortava a grama sem sapatos e cujos cabelos caiam até os ombros, segundo reportagem de “La Nación”.



Há poucos anos, ele criou uma empresa de paisagismo em Deerfield Beach, Flórida, cujo sucesso nunca imaginou: transplantar árvores velhas que haviam passado a ser símbolo de tradição e não mais coisa antiga a ser derrubada.

Obviamente isso não só parecia inviável, mas podia custar muito. Mas a tradição valia o preço para muitos americanos.

Desejo de uma árvore anosa foi até uma de 23 metros em Miami.
Desejo de uma árvore anosa foi até uma de 23 metros em Miami.
Acree hoje dirige a Green Integrity e conduz seus clientes pela Flórida em busca de árvores que darão o tom definitivo à nova casa em estilo tradicional.

Ele descobriu uma maneira de transplantar até a propriedade do cliente uma árvore enorme que às vezes pode pesar até 300 toneladas. Para isso usa caminhão e guindaste, cabos de aço, cintas de catraca e parafusos e, em alguns casos, barcos e até helicópteros para poupar as copas frondosas.

“Este negócio nunca foi tão ativo, estamos fazendo coisas em uma escala impressionante”, disse ele. Até clientes compraram as casas próximas para derrubá-las e construir jardins maiores que falassem de história e tradição.

Um carvalho com um tronco de quase 14 metros chegou a custar um preço astronômico. Mas, suas proporções perfeitas, seu caráter, a forma dos galhos faziam dele o carvalho perfeito.

Raymond Jungles, arquiteto paisagista de Miami, diz que uma árvore única ou particularmente antiga é como uma obra de arte.

Árvores antigas trazem charme à moradia
Árvores antigas trazem charme à moradia
E não são só idosos que gostam, os jovens também querem.

Quiçá a maior habilidade de Acree esteja em convencer os proprietários de grandes árvores a vender porque não acreditam que isso seja possível ou têm uma ligação sentimental com a árvore, em geral familiar.

“Não há como você fazer isso”, diziam para Acree, mas já transportou centenas de árvores usando sua técnica.

Se a árvore morrer é como uma punhalada, mas ele tem uma forte habilidade para muda-las vivas e consegue.

Um incorporador imobiliário de Los Angeles gastou muito dinheiro, tempo e um trabalho enorme, inclusive na burocracia local, para replantar o que ele chama uma “árvore da vida”.

Oliveira de 150 anos viajou da Toscana até Beverly Hills na Califórnia
Oliveira de 150 anos viajou da Toscana até Beverly Hills na Califórnia
É uma grande oliveira de 150 anos importada da Toscana, Itália, que instalou no centro da nova casa, rodeada por um espelho d'água raso e tendo como pano de fundo um mármore impecável.

A paisagista Deborah Nevins constata a mesma tendência em Nova York. Também grandes empresas querem reforçar sua imagem de solidez com prestigiosas árvores.

Andre Radandt, ex-CEO da Bolthouse Farms, contratou Acree para transplantar um fícus para o jardim de sua nova mansão e a árvore tornou-se uma nota tônica da propriedade. 

Quando foi a vez de vender, contribuiu a elevar o preço.


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