quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Imaculada Conceição: ensinamentos sobre a glória de Nossa Senhora

Imaculada Conceição, São Francisco da Penitência, Rio de Janeiro
Imaculada Conceição, São Francisco da Penitência,
Rio de Janeiro
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Continuação do post anterior: Imaculada Conceição: Pio IX e a glória do dogma




O dogma da Imaculada Conceição ensina que Nossa Senhora foi concebida sem pecado original desde o primeiro instante de seu ser.

Ela em momento algum teve qualquer nódoa do pecado original.

A lei inflexível pela qual todos os descendentes de Adão e Eva, até o fim do mundo, teriam o pecado original, se suspendeu em Nossa Senhora.

E naturalmente na humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nossa Senhora não ficou sujeita às misérias a que estão sujeitos os homens.

Não ficou sujeita aos impulsos, inclinações e tendências más que os homens tem.

Tudo nEla corria harmonicamente para a verdade, para o bem; tudo nEla era o movimento para Deus.

Nossa Senhora foi exemplo perfeito da liberdade da razão iluminada pela fé.

Ela queria inteiramente tudo o que era perfeito e não encontrava em si nenhuma espécie de obstáculo interior.



Ela era cheia de graça. De maneira que o ímpeto do ser dela se voltava só para a verdade, o bem, de modo verdadeiramente indizível.

Ora, ensinar que uma mera criatura humana como foi Nossa Senhora, tivesse esse privilégio extraordinário, era fundamentalmente anti-igualitário.

E definir esse dogma era definir uma tal desigualdade na obra de Deus, uma tal superioridade de Nossa Senhora sobre todos os outros seres, que faria espumar de ódio todos os espíritos igualitários.

O revolucionário ama o mal e tem alegria quando encontra um traço de mal em alguém.

Imaculada Conceição, catedral de Segovia, Espanha
Imaculada Conceição, catedral de Segovia, Espanha
Ele tem, pelo contrário, muito pesar quando vê uma pessoa em que ele não percebe um traço de mal.

Porque ele sente simpatia e harmonia com aquilo que é ruim e procura encontrar o mal em tudo.

Ora, a ideia de que um ser pudesse ser tão excelsamente bom e santo desde o primeiro instante de seu ser, causa ódio num revolucionário.

Um indivíduo perdido de impureza, um verdadeiro porco, sente inclinações impuras para todo lado.

E sente a vergonha, a depressão que essas inclinações impuras causam.

Evidentemente ele se sente todo deteriorado pela concessão que ele fez.

Um homem desses considerando Nossa Senhora que era toda Ela feita da mais transcendental pureza: ele sente ódio e antipatia, porque seu orgulho é esmagado pela pureza imaculada dEla.

O Beato Papa Pio IX definindo uma tal ausência de orgulho, de sensualidade, de qualquer prurido de Revolução num ser privilegiado, afirmou que a Revolução é repudiada por Nossa Senhora. E isso teve que doer e causar ódio aos revolucionários.

Então, desde sempre, dentro da Igreja, houve duas correntes. Uma corrente que combateu a Imaculada Conceição, e outra corrente que era favorável à Imaculada Conceição.

Sseria exagero dizer que todo mundo que combateu a Imaculada Conceição estava trabalhando por pruridos revolucionários.

Mas todo mundo trabalhando por pruridos revolucionários, combateu a Imaculada Conceição.

De outro lado, todos aqueles que lutaram pedindo a proclamação do dogma da Imaculada Conceição, mostravam uma mentalidade contrarrevolucionária.

De maneira que, de algum modo, a luta da Revolução e da Contra-Revolução estava presente na luta entre essas duas correntes teológicas.

No século XIX a Revolução já andava deitando labaredas por todo o mundo e ficou indignada com a definição do dogma.

O Beato Pio IX proclama o dogma da Imaculada Conceição. Sant'Andrea della Valle. Roma
O Beato Pio IX proclama o dogma da Imaculada Conceição.
Sant'Andrea della Valle. Roma

Havia outra razão ainda.

Não tinha sido definido ainda o dogma da Infalibilidade Papal.

E Pio IX, antes de defini-lo, pura e simplesmente consultou teólogos, todos os bispos do mundo e depois, com autoridade própria, fazendo uso da Infalibilidade Papal, definiu o dogma da Imaculada Conceição.

O que para um teólogo liberal era uma espécie de petição de princípios, porque se não estava definido que ele podia definir, como é que ele ia definir.

E ele, pelo contrário, definindo, ele afirmava que tinha a Infalibilidade Papal.

Quer dizer, fez estalar as indignações do mundo revolucionário.

Mas, foi um entusiasmo enorme no mundo contrarrevolucionário.

Por toda parte apareceram meninas batizadas com o nome de Conceição ou Imaculada, exatamente em louvor do novo dogma.

Era a afirmação de que os pais consagravam aquela menina à Imaculada Conceição de Nossa Senhora.

Pio IX levou as coisas a tal ponto que, durante o pontificado dele, enviou de presente uma imagem da Imaculada Conceição, para ficar posta no centro de Genebra, a capital da forma mais execrável de protestantismo que era o calvinismo.

Assim afirmou e proclamou esse dogma que os calvinistas, luteranos e protestantes todos odiavam mais do que tudo.

Pio IX estava numa situação política péssima; os exércitos do Garibaldi ameaçavam os Estados Pontifícios e os liberais caçoavam dele:

Papa rei bobo que está perdendo as suas terras, mas se preocupa em definir dogmas. Pio IX não se incomodou, ele definiu o dogma.

E foi mais longe. Em 1870 quando os Estados Pontifícios estavam para cair, ele reuniu o Concílio Vaticano I e definiu o dogma da Infalibilidade Papal.

Conta-se que quando ele se levantou para definir o dogma, uma tempestade de raios e estrondos se abateu sobre São Pedro.

Dir-se-ia que todos os elementos de ódio do inferno estavam convulsionando a natureza.

Os senhores podem imaginar o Papa, de pé, no meio dos raios, definindo a Infalibilidade do Papado.

Dias depois de definida a Infalibilidade Papal, as tropas de Garibaldi penetraram na cidade, e o papa ficou prisioneiro no Vaticano.

Mas foi tal o prestígio que a Infalibilidade Papal deu ao Papa, que os historiadores disseram que nem os Papas da Idade Média tiveram um poder maior do que teve Pio IX.

Nós temos então, entre o Beato Pio IX e São Gregório VII, uma analogia.

São Gregório VII forçou a curvar-se pedindo perdão diante dele um imperador do Sacro Império Romano Alemão.

Imaculada Conceição, detalhe de paramento bordado por dominicanas inglesas
Imaculada Conceição, detalhe de paramento bordado por dominicanas inglesas
Pio IX fez uma coisa mais árdua e mais extraordinária: ele forçou a Revolução a curvar-se diante dele.

A Revolução não pedia perdão, porque nunca pede, mas rugia de ódio, humilhada e esmagada.

O que é mais bonito do que levar um imperador a pedir perdão.

Nessa atmosfera de vitória, o grande Papa Pio IX, após ficar prisioneiro, mas mais senhor da Cristandade e da Igreja Universal do que todos os seus antecessores, entregou a sua bela alma a Deus.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, palestra do dia 15.6.73, sem revisão do autor)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.