segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Monges fazem a melhor cerveja do mundo,
como na Idade Média

Westvleteren XII a melhor cerveja do mundo é feita por monges trapistas que levam vida de penitência.
Westvleteren XII a melhor cerveja do mundo
é feita por monges trapistas que levam vida de penitência.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Há perto de três anos pudemos comentar um artigo vindo da França, narrando que a cerveja Westvleteren XII, produzida pelos monges trapistas da abadia de São Sixto de Westvleteren, na Bélgica, ocupava o primeiro lugar das melhores cervejas do mundo, segundo o site americano especializado www.rateBeer.com.

Mas as modas mudam. Há pressões econômicas para transformar em puro negócio aquilo que é uma tradição religiosa de vários séculos.

Também o chamado “progressismo católico” tem uma declarada animadversão aos costumes e às tradições católicas que remontam à Idade Média, uma idade de fé em que o Evangelho penetrava todas as instituições, segundo ensinou o Papa Leão XIII.

No mês de junho do presente ano (2016), o site da revista italiana “Pane & Focolare” trouxe a notícia de que os monges trapistas de São Sixto de Westvleteren prosseguem imperturbáveis a tradição de fabrico de cerveja artesanal da mais alta qualidade.



E que, em consequência, essa cerveja monacal continua sendo votada como a melhor do mundo no referido site de apreciadores da bebida. Confira.

Os monges não querem saber de um aumento de produção ou qualquer argumento econômico que possa por em perigo o recolhimento de sua vida monástica.

A imagem representa um monge da abadia de São Sixto de Westvleteren que faz a famosa cerveja.
A imagem representa um monge da abadia
de São Sixto de Westvleteren que faz a famosa cerveja.
Continuam produzindo a melhor cerveja do mundo sem finalidade de lucro, para garantir sua sobrevivência, sem procurar notoriedade ou fama.


Os Trapistas (Ordem dos Cistercienses de Estrita Observância) possuem 171 monastérios no mundo, mas apenas oito têm o direito de usar o logo Authentic Trappist Product.

Um deles é o de São Sixto de Westvleteren, na fronteira da Bélgica com a França.

Com formato delicado e elegante, a garrafa não tem etiqueta alguma: todas as informações estão na tampinha. Ela vem sendo produzida desde 1838 somente para sustento do convento.

Tampouco produzem o ano todo, e só vendem num período limitado deste.

Quando a data se aproxima, a notícia se espalha como mancha de óleo, sem publicidade.

O Padre Joris, responsável pela produção, explicou ao jornal americano de grande tiragem USA Today por que não vão aumentar a quantia elaborada:

“Não somos produtores de cerveja. Somos monges. Produzir cerveja nos permite ser monges. Não há motivo para ganhar dinheiro.

“Se aumentássemos a produção e abríssemos franquias, esta atividade deixaria de ser parte integrante da nossa existência.

“Portanto, a produção ficará em 4.500 hectolitros por ano, com uma venda ao público limitada num período de 70 a 75 dias”.

As abadias medievais levaram ao requinte a produção de cerveja.
As abadias medievais levaram ao requinte a produção de cerveja.
Nenhuma comercialização em grande escala ou e-commerce.

No dia em que começa a venda ao público, a região é invadida, tendo sido registradas filas de carros de três quilômetros.

A polícia é mobilizada para garantir a ordem.

Os monges recomendam a seus clientes de não revenderem a cerveja com finalidades lucrativas, sobretudo evitarem a sua comercialização a preços injustos, pois a garrafinha chega a ser oferecida na Internet por 450 dólares.

Recentemente, os monges tiveram de reformar o mosteiro, danificado por obra dos anos. Para reunir os fundos necessários, criaram uma bela caixinha com os dizeres “Uma cerveja por um tijolo”, também em número limitado, solicitando ajuda para a ampliação do mosteiro e a restauração do claustro da Abadia.

Como na Idade Média, na fidelidade estrita ao “Ora et labora” do grande São Bento, fundador da família beneditina há XVI séculos!

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