Mons Vincent Huang Shoucheng, bispo de Mindong (Fujian), não se dobrou ante as exigências do socialismo |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O bispo católico “clandestino” de Mindong (Fujian), D. Vicente Huang Shoucheng, um das maiores personalidades da Igreja Católica na China, morreu na sua Cúria aos 93 anos, governando até o último instante a diocese que o Papa lhe confiara, informou o site de AsiaNews.
D. Huang completou mais de 60 anos de sacerdócio, 35 dos quais passados em cárceres comuns, campos de trabalhos forçados e prisões domiciliares.
A diocese de Mindong está constituída na sua quase totalidade por católicos fiéis ao Papa e à Santa Sé, geralmente chamados de “clandestinos” porque o governo comunista não os reconhece.
Dos 90.000 católicos da diocese, mais de 80.000 são “clandestinos”.
Eles são assistidos por cerca de 45 sacerdotes, 200 religiosas e 300 leigos consagrados, além de centenas de catequistas.
Mindong padece por causa de Mons. Zhan Silu, um “bispo patriótico” ou agente do governo que pretende governar os católicos. Poucos fiéis o seguem, os sacerdotes oficiais são só uma dezena e cuidam de poucas igrejas.
Mons Vincent Huang Shoucheng, bispo fiel ao Papado, no velório na catedral de Mindong com mitra e báculo de flores |
“Por causa dele – disse um sacerdote ‘clandestino’ – a Igreja de Mindong pode crescer e se renovar”.
Seus sofrimentos trouxeram grandes frutos para a evangelização. Nestes anos nasceram e cresceram centenas de comunidades e paróquias”.
D. Huang sagrou em 2008, com aprovação do Papa, seu bispo coadjutor, D. Vicente Guo Xijin, de 60 anos.
Ele agora assumiu como administrador a diocese. D. Guo também foi encarcerado pelos comunistas em três oportunidades.
O governo socialista proibiu, como de costume, que o bispo “clandestino” fosse enterrado com as insígnias episcopais – a mitra, o báculo, a cruz peitoral e o anel – e exigiu que comparecessem poucos fiéis nas cerimônias fúnebres.
Um fiel confidenciou a AsiaNews: “Para nós, Mons. Huang é bispo e vamos vesti-lo como tal. Se as autoridades quiserem, que venham tirar as insígnias episcopais diante de todo o povo”.
Velório de Mons Vincent Huang Shoucheng em sua catedral.
No velório compareceram por volta de 20.000 pessoas e os comunistas tiveram medo.
Eles procuraram um arranjo como o novo bispo, que lhes prometeu que tudo seria feito pacificamente.
E, em troca, pediu que a polícia marxista tolerasse a Cruz peitoral, o Anel episcopal e que o corpo do venerado bispo fosse ornado com flores.
Os agentes socialistas engoliram e aceitaram não atrapalhar. Mas os fiéis deram um jeitinho: compuseram uma mitra e um báculo com flores!
O exército vermelho montou barreiras nas estradas, mas milhares de fiéis conseguiram chegar até a Catedral, noticiou Gaudium Press.
Ali também o governo fez das suas, impedindo que entrassem mais de três mil pessoas por vez. Mas a fila fora do templo chegava a mais de dez mil fiéis aguardando pela sua oportunidade.
O governo também proibiu tirar fotos, mas isso logo se verificou impossível pelo uso geral dos celulares. Também proibiu a procissão até o jazigo. Mas uma carreata acompanhou o corpo.
Dezenas de milhares de fiéis fizeram fila para prestar as últimas homenagens ao heroico bispo. |
Em 26 de junho de 1949 foi ordenado sacerdote, mas em 12 de novembro de 1955 foi preso com mais três padres pela polícia comunista.
Passou 16 anos entre a prisão e os campos de trabalhos forçados, readquirindo a liberdade em 1971.
Nesse mesmo ano, durante a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, foi novamente preso, pelo delito de escrever livros catequéticos, sendo libertado somente em janeiro de 1980.
Em 1985 foi sagrado bispo coadjutor de Luoyuan, padecendo sucessivos controles policiais e prisões domiciliares, que não detiveram sua ação apostólica.
Em julho de 1990 foi encarcerado pela terceira vez, mas foi liberado em agosto de 1991 por motivos de saúde.
Em 20 de agosto de 2005 ele tomou posse como bispo da diocese de Mindong.
Aureolado com a fama de santidade, D. Huang vive hoje na lembrança de seus fiéis.
Que ele brilhe no firmamento eterno como mais um membro do exército dos santos e, mais particularmente, dos Confessores da Fé!
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