Das cartas de Dona Leopoldina, imperatriz culta e dedicada
Entre as cartas recebidas por D. Pedro I, quando com sua comitiva encontrava-se junto ao riacho do Ipiranga, onde dera o histórico brado da independência do Brasil, vinha também uma que havia sido escrita em cuidadosa caligrafia feminina, assinada por sua própria esposa, e datada de 29 de agosto de 1822.
“Meu querido e Muito Amado Esposo: é preciso que volte com a maior brevidade; esteja persuadido que não só o Amor e a Amizade que me fazem assim desejar, mais que nunca, sua pronta presença, mas sim as críticas circunstâncias em que se acha o amado Brasil; só a sua presença, muita energia e rigor podem salvá-lo da ruína. As notícias de Lisboa são péssimas ‒ 14 batalhões vão embarcar nas três naus; mandou-se imprimir suas cartas e o povo lisbonense tem-se permitido toda qualidade de expressões indignas contra a sua pessoa”. É fácil admitir que as notícias enviadas por Dona Leopoldina tenham influído consideravelmente na decisão então tomada pelo protagonista de nossa Independência.
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Cinco anos antes - mais precisamente em 6 de novembro de 1817- a arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina de Habsburg, filha do Imperador Francisco I, da Áustria, chegara ao Rio de Janeiro.
Seu casamento com o Príncipe D.Pedro havia sido acertado diplomaticamente quase um ano antes, e para recebê-la a cidade do Rio de Janeiro amanhecera especialmente engalanada. Folhagens odoríferas perfumavam as ruas, colchas estendidas nas sacadas das ruas centrais decoravam o trecho por onde passariam os membros da comitiva real e a multidão se comprimia para assistir a chegada dessa ilustre arquiduquesa austríaca, que passaria a fazer parte da Família Imperial.
Antes de deixar Viena, a futura Imperatriz dedicou o melhor de seu tempo a conhecer e estudar o país para o qual se dirigia, bem como dominar fluentemente a língua portuguesa, rodeando-se também de livros e mapas que diversos naturalistas publicaram narrando suas visitas ao Brasil.
Em carta à sua tia, Grã Duquesa de Toscana, sua amiga e confidente de toda a vida, ela diz textualmente: “A viagem não me faz medo, creio que é até predestinação, pois sempre dizia que queria lá ir”.
D. Pedro II nobilita fazendeiro que libertou escravos
Na cidade de Ponta Grossa, por ocasião de sua viagem ao Paraná, D. Pedro II foi hospedado por um fazendeiro, que o cativou por sua simplicidade.
Após o almoço, no dia da partida, o anfitrião disse: — Senhor Imperador, eu podia ter feito mais alguma coisa. Podia ter matado mais uma vitela, mais um peru, mas preferi assinalar por outro modo a vossa passagem por esta terra e a honra de vir a esta sua casa. Libertei todos os meus escravos, que são mais de setenta, e peço a Vossa Majestade o favor de lhes entregar as cartas de liberdade.
Essa alocução tão simples quanto eloqüente emocionou profundamente o monarca, que agradeceu o gesto de benemerência do digno paranaense.
Por ocasião das graças, o ministro do Império levou ao imperador o decreto fazendo-o oficial da Ordem da Rosa. D. Pedro II argumentou: — Isto é pouco para esse benemérito. Faça-o barão! — Mas, Majestade, ele é quase analfabeto! — Não será o primeiro. E este é muito digno. Mande-me o decreto fazendo-o barão dos Campos Gerais.
(Fonte: ERNESTO MATTOSO - Cousas do meu tempo - Gounouilhou, Bordeaux, 1916, 338 p.)
Mais de meio milhão de cartas para São Nicolau
Na Alemanha, São Nicolau recebe 500 mil cartas enviadas por crianças cheias de esperança. Para atender esse afluxo, os correios alemães montam sete filiais natalinas. As cartas vão endereçadas a uma pequena cidade da Renânia do Norte-Vestfália, cujo nome significa Igreja do Anjo. Os pedidos afluem do mundo todo, e até em japonês, inglês, russo, chinês e português (e do Brasil). Dez donas-de-casa locais são responsáveis pela leitura dessa correspondência. As crianças recebem uma resposta-padrão, na qual o Menino Jesus agradece a iniciativa e envia uma pequena lembrança. Escrevem até aposentados e presidiários, “porque ficam alegres em saber que alguém lerá suas cartas”, explica Birgit Müller, uma das leitoras. Essas são algumas das doçuras que o Menino-Deus trouxe ao mundo. Entretanto, esse mesmo mundo está cada vez mais longe d’Ele...
Na intimidade da Corte imperial
Por ocasião da viagem à Inglaterra, D. Pedro II ouviu o concerto de um famoso pianista inglês na embaixada brasileira em Londres.
Algum tempo depois, o príncipe de Gales, futuro rei Eduardo VII, manifestou ao embaixador brasileiro, barão de Penedo, o desejo de que o pianista fosse condecorado pelo Brasil com a Ordem da Rosa.
O imperador não tolerava nesse pianista a falta de higiene.
Ao saber da proposta do príncipe de Gales, e lembrando-se de uma famosa comenda britânica, comentou ironicamente:
— Concordo, desde que antes o governo inglês lhe conceda a Ordem do Banho.
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
Quando D. Pedro II visitou Ouro Preto em 1881, Bernardo Guimarães ofertou a ele os seus dois livros. As duas filhas do autor, Constança e Isabel, os entregaram ao Imperador numa bandeja. Ao receber os livros, D. Pedro II perguntou ao autor:
— São só estas as suas obras?
Aproximando de si as duas filhas, respondeu:
— E mais estas duas, que são as que mais aprecio.
Fonte: JOSUÉ MONTELLO - Anedotário geral da Academia Brasileira - Martins, SP, 1974, 480 p.
D. Pedro II, em São Paulo, entrou com sua comitiva numa câmara frigorífica, onde a temperatura era de cinco graus abaixo de zero.
O senador marquês de Paranaguá ficou de fora, aguardando.
Ao sair, e notando a posição desse membro do Senado, instituição que o espírito popular denominava “Sibéria”, o imperador gracejou:
— Oh! Nem me lembrava de que o senhor está à prova de temperatura mais fria.
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
Nobreza de alma e simplicidade na vida da Princesa Isabel
A sensibilidade e o patriotismo da Princesa Isabel se revelam num documento íntimo, onde escreveu:
“A idéia de deixar os amigos, o País, tanta coisa que amo e que me lembra mil felicidades que gozei, faz-me romper em soluços. Nem por um momento, porém, desejei uma menor felicidade para minha Pátria. Mas o golpe foi duro”.
Este sentimento de identidade com o seu povo, ela o possuiu de tal modo, que além de viver na tradição popular, ela ficou figurando no folclore da Abolição. Estas quadrinhas, cantadas pelas crianças brasileiras, confirmam esse sentimento popular:
“Princesa Dona Isabel, / Mamãe disse que a Senhora / Perdeu seu trono na terra, / Mas tem um mais lindo agora. / No céu está esse trono / Que agora a Senhora tem, / Que além de ser mais bonito / Ninguém lho tira, ninguém”.
Dom Pedro II e a preta Eva. foto: Imperador do Brasil, 12 anos de idade.
Numa viagem ao interior de Minas, o D. Pedro II observou, no meio de uma multidão compacta, uma negra que fazia grande esforço para se aproximar dele, mas as pessoas à sua volta procuravam impedi-la. Compadecido, ordenou que a deixassem aproximar-se.
— Meu senhor, eu sou Eva, uma escrava fugida, e venho pedir a Vossa Majestade a minha liberdade.
O imperador mandou tomar as notas necessárias, e prometeu dar-lhe a liberdade quando regressasse. E efetivamente entregou à cativa o documento de alforria.
Algum tempo depois, indo a uma das janelas do palácio de São Cristóvão, no Rio, viu um guarda tentando impedir que uma preta velha entrasse.
Sua memória prodigiosa reconheceu imediatamente a ex-escrava de Minas, e ele ordenou:
— Entre aqui, Eva!
A preta precipitou-se porta adentro, e entregou ao seu protetor um saco de abacaxis, colhidos na roça que plantara depois de liberta.
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
Tradição: é o suave elo de ligação entre a esperança de ontem e a realização de amanhã
Plinio Correa de Oliveira
Montado em animal desconhecido
Quintino da Cunha defendia um réu no Tribunal. O promotor, depois de prolongada arenga, e querendo encerrar a acusação, proclamou:
— Senhores do Conselho de Sentença, eu estou montado no Código Penal.
Quintino da Cunha rebateu, de imediato: — Pois faz muito mal em montar animal que não conhece.
No dia em que D. Pedro I abdicou, e os brasileiros proclamaram Dom Pedro II imperador com a idade de 5 anos, o seu preceptor foi encontrá-lo em local distante alguns quilômetros do Rio de Janeiro. Anunciou-lhe solenemente que horas antes ele se transformara em Majestade, e o conduziu de volta ao Rio.
No caminho, começa a chover. Dom Pedro corre até o casebre mais próximo e bate à porta com ansiedade, como faria qualquer monarca sem guarda-chuva. A voz trêmula de uma velhinha pergunta lá de dentro:
— Quem é?
Ofegante, devido à corrida, o imperador estreante proclama compassadamente, um a um, os seus 15 nomes: — Abra logo, vovó! Eu sou Pedro — João — Carlos — Leopoldo — Salvador — Bibiano — Francisco — Xavier — de Paula — Leocádio — Miguel — Gabriel — Rafael — Gonzaga — de Alcântara.
— Minha Nossa Senhora! Como é que eu vou arranjar lugar aqui para tanta gente?!
Carta escrita ao Imperador romano Tibério César (14 a 37 d.C.) por Publius Lentulus, da Judéia, predecessor de Pôncio Pilatos. A carta se refere a Jesus Cristo, que naquela época principiava as suas pregações nas terras da Palestina:
O Senador Publius Lentulus da Judéia ao César Romano:
Soube, ó César, que desejavas ter conhecimento do que passo a dizer-te.
Há aqui um homem chamado Jesus Cristo, a quem o povo chama profeta e os seus discípulos afirmam ser o filho de Deus, criador do Céu e da Terra.
Realmente, ó César, todos os dias chegam notícias das maravilhas deste Cristo. Para dizer-te em poucas palavras, dá vista aos cegos, cura doentes e surpreende toda a Jerusalém.
Belo e de aspecto insinuante, é um homem de justa estatura, e a sua figura é tão majestosa que todos o amam irresistivelmente. Sua fisionomia, de uma beleza incomparável, revela meiguice, e ao mesmo tempo tal dignidade, que ao olhar-se para ele cada qual se sente obrigado a amá-lo e temê-lo ao mesmo tempo.
O cabelo dele, até a altura das orelhas, é da cor das searas quando maduras, emoldurando divinamente a sua fronte radiosa de jovem mestre; caindo em anéis reluzentes, espalha-se pelos ombros com uma graça infinita, sendo então de uma cor indefinível, como o vinho claro e brilhante. Ele o traz apartado ao meio por uma risca, à moda dos nazarenos. A barba é da cor do cabelo e não muito larga, e também é dividida ao meio. O olhar de paz é profundo e grave, com reflexos de várias cores nos olhos, e o mais surpreendente é que resplandecem. As pupilas parecem os raios do Sol. Ninguém pode fitar-lhe o rosto deslumbrante.
O seu porte é muito distinto. Possui encanto e atrai os olhares. Tão belo o quanto pode um homem ser belo, ele é o mais nobre que imaginar se possa, e muito semelhante à sua mãe, a mais famosa figura de mulher que até hoje apareceu nesta terra.
Nunca foi visto sorrindo, mas já foi visto chorando várias vezes. As mãos e os braços são de uma grande beleza, que é um prazer contemplá-los. Faz-se amigo de todos e mostra-se alegre com gravidade. Quando é visto em público, aparece sempre com grande simplicidade. Quer fale, quer opere, fá-lo sempre com elegância e sobriedade. Toda a gente acha a conversação dele muito agradável e sedutora. Fala um idioma de misterioso encanto, e as multidões, compostas de judeus e de naturais da Capadócia, Panfília, Cirene e de muitas outras regiões, ficam perplexas ao ouvi-lo, pois cada qual o ouve como se fosse no próprio idioma pátrio.
Se a tua majestade, ó César, deseja vê-lo, avisa-me, que eu logo to enviarei. Apesar de nunca ter estudado, é senhor de todas as ciências. Em sua expressão divina, ele é a sublimação individualizada do magnetismo pessoal. As criaturas disputam-lhe a presença encantadora. As multidões seguem-lhe os passos, tocadas de singular admiração. Quase todos buscam tocar-lhe a vestidura, pois dele emanam irradiações virtuosas que curam moléstias pertinazes. Ele produz espontaneamente um clima de paz, que atinge a quantos lhe gozam a excelsa companhia. Anda com a cabeça descoberta e quase descalço, e a sua túnica alvíssima combina com a sutileza de seus traços delicados.
Muitas pessoas, quando o vêem ao longe, escarnecem dele, mas quando ele se aproxima e estão na sua frente, então tremem e admiram-no. De sua figura singular, extraordinária de beleza simples, vem um quê diferente, que arrebata as multidões, e essas serenam, ouvindo as suas promessas sobre um eterno reinado.
Os hebreus dizem que nunca viram homem semelhante a ele, cuja sabedoria excede a dos gênios. Nunca ouviram conselhos idênticos, nem tão sublime doutrina de humildade e de amor como a que ensina este Cristo. Amável ao conversar, torna-se temível quando repreende, mas mesmo nesse caso revela segurança e serenidade. É sobremodo sábio, modesto e muito casto. É um homem, enfim, que por suas divinas perfeições excede os outros filhos dos homens.
Muitos judeus o têm por divino e crêem nele. Também o acusam a mim, ó César, dizendo que ele é contra a tua majestade, porque afirma que reis e vassalos são todos iguais diante de Deus, e assevera que acima do teu poder, ó César, reina um único Deus, Todo-Poderoso, consolador de todos os homens desesperados e aflitos.
Ando apoquentado com estes hebreus que pretendem convencer-me de que ele nos é prejudicial. Mas os que o conhecem e a ele têm recorrido afirmam que ele nunca fez mal a pessoa alguma, e antes emprega todos os seus esforços para fazer toda a humanidade feliz.
Estou pronto, ó César, a obedecer-te e a cumprir o que nos ordenaste.
("Apologia Cristã", Ribeirão Preto, SP, p. 31)
Voltas demais
O marechal Osório, convidado para jantar em casa de um amigo, encontrou entre os convivas o barão de Cotegipe, seu adversário político. Durante o jantar, Cotegipe fez a Osório um brinde muito elogioso, que foi muito aplaudido. Cessados os aplausos, Osório devolveu: — Senhores, por minha vez brindo o senhor barão de Camaquã. Parecia um equívoco, e alguns tentaram corrigi-lo. Mas Osório prosseguiu: — Eu me explico: Camaquã é um rio da minha província, que dá muitas voltas. (Fonte: FOLCO MASUCCI - Anedotas Históricas Brasileiras - Edanee, SP, 1947, 267 p.)
Jesus Cristo e a calma
Nosso Senhor Jesus Cristo é a figura comunicativa da calma por excelência. É a calma em todos os sentidos e gradações possíveis da palavra calma. Ele o tempo inteiro teve calma, e não deixou de sentir calma. Inclusive o Sudário de Turim comunica calma!
A canção Anima Christi comunica uma calma inefável. Toda solenidade implica em calma.
Plinio Corrêa de Oliveira, 31/1/83
Senso da honra
O general Osório, durante a guerra do Paraguai, foi procurado por um negociante que queria vender cavalos ao Exército, na maioria imprestáveis. Queria uma carta do general, recomendando-o à Comissão. Osório respondeu: — Homem, você é entendido na matéria, e não desconhece as exigências do Governo. Se os seus cavalos são bons, para que quer recomendações? — Para evitar injustiças. — Pois, então, escreva você mesmo o que vou ditar. E ditou: "O portador vai conduzindo uma cavalhada, que pretende vender ao Estado, mediante o prévio exame da Comissão, de que V. Sas. são digníssimos membros. A primeira condição para a boa cavalaria é a velocidade, e esta depende da excelência dos cavalos; portanto, seria escusado lembrar duas coisas: primeira, que os animais imprestáveis que o portador levar devem ser recusados; e, segunda, que V. Sas. devem ser rigorosos no cumprimento das ordens do Governo. Esta carta só tem por fim pedir que V. Sas. despachem com brevidade o portador". — Não, General. Esta carta não me serve. — Pois então dê-ma. Tomando a carta, rasgou-a e perguntou: — Que queria de mim? Uma indignidade? Que idéia faz o senhor da honra alheia? Se não a tem, respeite a dos outros. (Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.)
Após o golpe de 15 de novembro, a Família Imperial já está a bordo para a viagem ao exílio. A imperatriz D. Teresa Cristina lê nos jornais do dia o nome de um dos revolucionários, que recebera grandes benefícios do imperador, e desabafa: — Deodoro! Quem diria!? Sereno e imperturbável, D. Pedro II responde: — Senhora, se quando fazemos um benefício fosse já contando com a gratidão do beneficiado, então o ato perderia a sua nota principal, passando a ser um contrato interesseiro.
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
O imperador D. Pedro II costumava fazer versos, geralmente sob a forma de sonetos. Escrevia fluentemente, de acordo com a métrica e a rima, mas sem grande inspiração poética. Nos saraus do palácio, havia os que aplaudiam os versos do monarca, mas geralmente Carlos de Laet se abstinha de fazê-lo. D. Pedro II lhe perguntou: — O que acha dos meus versinhos? — Muito bons. Mas Vossa Majestade poderia fazer coisa melhor.
Fonte: JOSUÉ MONTELLO - Anedotário geral da Academia Brasileira - Martins, SP, 1974, 480 p.
D. Pedro II mostrou um dos seus sonetos a Moniz Barreto. O poeta e repentista, depois de lê-lo, comentou: — Se eu tivesse perpetrado tal crime, Senhor, suicidar-me-ia. O imperador, inteiramente despreocupado de ser tido como literato, retrucou sorridente: — Ora, Senhor Moniz Barreto. Tu te fizeste réu de sandices muito maiores, e ainda estás vivo.
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
O "Navio negreiro"
Em Salvador, o médico e político Manuel Vitorino recitava emocionado o Navio negreiro, de Castro Alves, para um numeroso público.
Num momento dramático do poema, são lançados dois apelos: — Andrada! Arranca esse pendão dos ares! Colombo!...
Nesse momento, uma vozinha de negro baiano responde, como se tivesse sido chamado: — Inhô?... — ... Fecha as portas dos teus mares! — Sim sinhô!
(Fonte: NAIR LACERDA - Grandes Anedotas da História - Cultrix, SP, 1977, 301 p.)
Tato diplomático de Dom Pedro II. Imperador em 1876
Na sua primeira viagem à Europa, estava D. Pedro II em Rouen, cidade francesa então ocupada pelas tropas alemãs.
Conhecedor da presença do soberano, o general Treslov, comandante da guarnição alemã de ocupação, foi cumprimentá-lo, comunicando-lhe que mandaria colocar à porta do hotel uma guarda de honra, e ordenaria que a banda militar alemã desse um concerto em sua homenagem.
D. Pedro II agradeceu a intenção delicada do comandante, mas recusou a homenagem:
— Se eu estivesse na Alemanha, aceitaria. Estou na França, entretanto, e não devo permitir que a música dos vencedores venha saudar-me em chão dos vencidos.
O general prussiano inclinou-se, acatando com admiração e respeito o gesto de delicada sensibilidade.
E o povo francês, sabedor da recusa imperial, demonstrou sempre para com Dom Pedro os mais vivos sentimentos de simpatia.
Mireille Al Farah, jovem síria que vive na Espanha e que não pode voltar a seu país desde que começou a enganosa Primavera árabe, contou seu drama no I Congreso Internacional sobre Libertad Religiosa realizado em Madri. Ela chora durante a comunhão, rezando pelos católicos perseguidos em seu país.
“Os pais de família nunca saem juntos à rua, para que os filhos não fiquem inteiramente órfãos” em caso de atentado mortal, relatou.
Ela contou que antes da investida islâmica, os católicos sírios “manifestávamos publicamente nossa fé, vivíamos sem medo, até que de um dia para o outro nos deparamos com a atual situação: atentados, sequestros, violações, você está em sua casa e te cai um obus de morteiro...
“Os bombardeios são diários. Com as tecnologias GPS eles sabem localizar os bairros cristãos e selecionar as vítimas. Eu perdi treze parentes, um deles foi meu primo Shami, que morreu quando um tiro de morteiro caiu sobre ele”.
Sobre a situação em Damasco, a capital síria, ela narrou: ”Nas horas que temos exames, aumentam os ataques, porque não querem que a gente vá às faculdades ou às escolas. Passamos muitas horas sem água, sem força… a gente tem de fazer o que pode para sobreviver, e isso é em Damasco, que é a capital síria”.
Outros se viram constrangidos a abandonar tudo o que possuíam, numa fuga forçada pela perseguição. Outros ainda optam por ficar:
“A uma amiga casada e mãe de quatro filhos, cuja família está entre a Líbia e a França, foi-lhe oferecido tudo para ir embora e ser recebida como refugiada, mas não quer sair: ‘eu sou daqui, aqui estão meus filhos...’, ela me disse; ela deixou o trabalho e dá formação gratuita aos desempregados para que após o conflito encontrem colocação. Minha irmã está no Líbano, teve que fugir sem nada. Recentemente chegaram 800 famílias que igualmente tiveram de abandonar tudo...”.
Mireille Al Farah fala da fé dos jovens cristãos na Síria
“Nessa situação, as pessoas se perguntam: ‘o que é que eu vou fazer, fico em casa, saio à rua?’ Mas as pessoas decidiram continuar vivendo, os cristãos continuam enchendo as igrejas. Meus amigos dizem: ‘eu prefiro morrer recebendo o Corpo de Cristo do que ficar em casa no meio do risco’. Os sacerdotes nos ajudam muitíssimo para poder viver essa opção; nos apoiam para manter a esperança”.
E, sublinha Mireille, “quando abraçamos nossa fé a recebemos por completo, nós sabemos que isso implica assumir a perseguição, mas nós aprendemos a lutar. Eu sempre levo a cruz. Ser cristão é algo que nos dá força. Nossos nomes já nos identificam como cristãos”.
E prossegue: “Para nós, os funerais são uma festa, nós os celebramos como se fossem um casamento, ornamos as igrejas com flores brancas... Os mártires são como noivos e noivas que se entregam ao Céu para se unirem a Cristo”.
Interrogada pelo público sobre o que se pode fazer para aliviar o sofrimento dos cristãos perseguidos na Síria e acabar com o terror que padecem, Mireille respondeu:
“Os jovens cristãos sírios vos pedimos duas coisas: informar os outros e unir-vos à nossa oração. De um lado, devemos insistir em denunciar o que está acontecendo, para apressar uma resposta internacional.
“Mas não podemos deixar tudo nas mãos de homens, que são falíveis; tem de vir uma intervenção divina para mudar os corações. Por isso criamos uma corrente de orações para rezar o terço 24 horas, de modo que sempre tenha uma pessoa rezando pela paz na Síria. Orações também para sabermos perdoar, e orações pelos nossos agressores. Estou certa de que com isso a situação poderá mudar”.
“O que vos peço é que não vos oculteis, a fé deve nos trazer sempre a alegria, e não a vergonha.
“Fiquei espantada chegando a Barcelona e vendo a situação. Na Síria eu nunca me senti sozinha na igreja, mas aqui em muitas ocasiões senti-me sozinha, ainda que estando no meio de pessoas no mesmo templo. Temos de pensar no que temos e os outros não têm”, concluiu a corajosa moça católica.
A exposição da jovem síria em Madri (em espanhol):
Interessante ver como os católicos no Oriente Médio vivem com mais coerência a fé católica, sobretudo na sua dimensão comunitária, isto é, de solidariedade uns com os outros. Infelizmente no Ocidente a dimensão social ou comunitária da fé se perdeu devido ao individualismo e ao capitalismo selvagem. E, quando se fala em solidariedade e comunidade, no Ocidente é apenas para usar um linguajar marxista que não tem qualquer repercussão na vida real, ou seja, é pura demagogia. Os católicos sírios têm muito a ensinar aos católicos brasileiros!
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Achando-se Dom Bosco com várias pessoas, durante o jantar, mandou ler uma carta do bispo de Spoleto, que lhe fazia grandes elogios.
O Pe. Francesia perguntou:
— O senhor não fica envaidecido com tantos elogios?
— Ora essa! Habituei-me a ouvir de tudo. Para mim tanto faz ler uma carta repleta de louvores como uma cheia de insultos. Quando me vem uma dessas cartas elogiosas, eu gosto de confrontá-la com as outras, e repito comigo mesmo: Como são desencontrados os juízos dos homens! Digam elas o que disserem, só interessa o que sou perante Deus.
(Fonte: Marquês Felipe Crispolti, "Dom Bosco", Salesiana, SP, 1945)
A primeira árvore de Natal no lar
A pintura no alto é de Franz Streussenberger (1806–1879).
Representa a primeira Árvore de Natal na cidade austríaca de Ried, concebida e ornada, em 1840, no lar da família Rapolter.
Depois do Presépio, a Árvore de Natal é o símbolo mais expressivo da época natalina. Naquela época, o aspecto comercial do Natal não era agressivo. No século XIX, a Árvore de Natal — também conhecida como a “Árvore de Cristo” — espalhou-se pelo mundo inteiro. É símbolo da alegria pelo nascimento do Divino Infante.
Procissão das velas em Lourdes, 25 de junho de 2014.
Ambiente privilegiado da família
“O que mais vale é a herança espiritual, transmitida não tanto por esses misteriosos liames da geração material, quanto pela ação permanente daquele ambiente privilegiado que constitui a família.
“Com a lenta e profunda formação das almas, na atmosfera de um lar rico de altas tradições intelectuais, morais e sobre tudo cristãs; com a mútua influência existente entre os que moram numa mesma casa.
“Influência esta cujos benéficos efeitos se prolongam para muito além dos anos da infância e da juventude, até alcançar o termo de uma longa vida naquelas almas eleitas que sabem fundir em si mesmas os tesouros de uma preciosa hereditariedade com o contributo das suas próprias qualidades e experiências.
“Tal é o património, mais do que todos precioso, que, iluminado por firme Fé, vivificado por forte e fiel prática da vida cristã em todas as suas exigências, elevará, aprimorará, enriquecerá as almas dos vossos filhos”.
(Fonte: S.S. Pio XII, discurso ao Patriciado e à Nobreza Romana, 5 de janeiro de 1941).
Filho! Não posso te atender agora... estou no alto do Cristo Redentor!
Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs ...
Aconteceu
Um pregador anunciou:
─ No próximo domingo eu pregarei sobre a mentira, baseado no Capítulo 17 do Evangelho de São Marcos, e gostaria que todos o lessem, para facilitar o entendimento.
No dia aprazado, começou o sermão perguntando:
─ Os que leram o Capítulo 17 de São Marcos, por favor levantem a mão.
Quase todas as mãos se levantaram.
─ Vocês são exatamente as pessoas às quais se aplica o que eu tenho a falar, porque não existe o Capítulo 17 em São Marcos.
* * *
Durante um banquete, um orador se alongava sobre assunto desinteressante. Um dos convivas conseguiu sair sorrateiramente, mas deparou logo na saída com outro, que também conseguira escapar. Este perguntou:
─ Ele já terminou?
─ Já, há muito tempo. Mas ele não consegue parar.
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Quando saiu de casa para a igreja, no domingo, o menino recebeu duas moedas iguais, sendo uma para a coleta e a outra para uso pessoal. Brincando com elas no caminho, uma caiu no bueiro, de modo irrecuperável. E o menino desabafou:
─ Lá se foi a moeda do vigário!
* * *
Um figurão de Wall Street apaixonou-se por uma atriz, e freqüentou festas com ela durante alguns meses. Afinal, decidiu casar-se, mas para evitar dissabores futuros contratou um detetive para apurar os antecedentes da pretendida. E recebeu o seguinte relatório:
─ Reputação excelente. Passado sem nada desabonador. A única referência negativa é que nos últimos meses ela tem sido vista em companhia de um homem de negócios de reputação duvidosa.
(Fonte: Edmund Fuller, “Thesaurus of Anecdotes”, Crown, NY, 1942, 489 p.)
Santo Antônio e o dissoluto-futuro mártir
Sempre que encontrava na rua um certo homem de vida dissoluta, Santo Antonio de Pádua tirava o chapéu, fazia uma genuflexão e o saudava respeitosamente.
Aborrecido com a cena que assim se repetia, o crápula um dia tirou da bainha a espada e gritou para o Santo:
— Pare com essa palhaçada, ou então vou lhe mostrar a força desta arma!
Com profundo respeito, Santo Antonio respondeu:
— Glorioso mártir do Senhor, lembre-se de mim quando estiver sendo atormentado.
A resposta foi uma gargalhada, pois o comentário parecia provir de um louco. Anos depois, em viagem comercial à Palestina, foi tocado pela graça divina, converteu-se e passou a pregar a fé cristã aos sarracenos, sendo então martirizado.
(Fonte: NAIR LACERDA - Grandes Anedotas da História - Cultrix, SP, 1977, 301 p.
Alexandre Dumas e seus problemas
Alexandre Dumas costumava receber com liberalidade, para participar da sua mesa, qualquer pessoa que se apresentasse, e muitas vezes se apresentavam desconhecidos. A um desses, quando apareceu para almoçar, ele cumprimentou. — Bom dia, meu caro... meu caro... Mas, veja que idiota eu sou: não me lembro do seu nome.
O recém-chegado disse o próprio nome. — Ah, é verdade! Desculpe-me. Mas certamente não nos vemos há muito tempo. Quando nos vimos pela última vez? — No Monte Sinai. O senhor estava montado num camelo, e me convidou para almoçar aqui algum dia... — Vejam só! E ele veio!
Fonte: FERNANDO PALAZZI - Enciclopedia degli Aneddoti - Ceschino, Milano, 1935, 2 vol
Os oficiais de justiça eram um pesadelo para Alexandre Dumas, que tinha de entender-se diariamente com vários. Um dia, apresentaram a ele uma folha em que se colhia uma subscrição, e explicaram: — Queremos uma contribuição de vinte francos para o enterro de um oficial de justiça. — Levem quarenta francos e enterrem dois. Fonte: FERNANDO PALAZZI - Enciclopedia degli Aneddoti - Ceschino, Milano, 1935, 2 vol
Jesus Cristo é a Vida, entretanto em Belém recusaram abrir as portas para Ele
Santo Antonio Maria Claret:
"Jesus Cristo em Sua Encarnação, em sua Natividade e em toda sua vida aceitou voluntariamente humilhar-se e ser desprezado por outros.
"Pode-se fazer maior afronta a um homem do que ser ele desprezado por seus próprios concidadãos, e que não se encontre nem um só em sua própria região que lhe conceda um albergue, nem mesmo por uma única noite?
"Pois isto efetivamente sucedeu a Jesus Cristo em Belém: para todos os demais -- velhos e jovens, homens e mulheres, nobres e plebeus -- houve alojamento. Só Jesus, com Sua Mãe, se viu desprezado de todos e se achou na contingência de nascer em um estábulo. ....
"O que manifesta mais claramente meu orgulho aos meus olhos é que eu me vejo honrado muito mais do que Vós o fostes, e ainda assim não estou contente.
O rei, pai dos pais da França. (foto: Luís XVI e Maria Antonieta)
"Dá-me um abraço, meu pequeno normando, eu quero ver o teu país" — dizia, galante e afetuosamente, Luís XVI a um bebê de quinze meses, Duque da Normandie, Delfim da França e futuro órfão do Templo. Assim a viagem começava.
Em Houdan, uma mulher do povo aproximou-se dele e ajoelhou-se para pedir um favor para uma camponesa, mãe de numerosa família. Assim que o Rei a levantou, ela saltou-lhe ao pescoço, chorando de felicidade:
— Eu vejo um bom Rei, eu não quero mais nada neste mundo!
Em Chandai, cena idêntica. Falaise foi graciosamente primaveril. Cinqüenta mocinhas vestidas de branco fizeram cortejo, atirando-lhe flores a mãos-cheias. No dia seguinte, em Caen, Sua Majestade recebeu as chaves. Uma de ouro, outra de prata, enfeitadas com uma fita onde se lia: "Cordibus apertis inutiles!" — Inúteis, pois os corações já estão abertos!
No dia seguinte, o Rei chega ao Havre. Logo cedo, antes da Missa na Igreja de Notre Dame, anunciam-lhe a presença da abadessa de Montvilliers. Ela acaba de chegar para fazer a homenagem de um pavão branco, que a sua abadia deve ao Rei da França toda vez que ele passa pelo território de Lillebonne. É puro! É inocente! E por isso dá uma profunda felicidade!
Rezando antes da refeição
A mulher de avental poderia ser a governante da casa, ou talvez a própria mãe. Trata com muita delicadeza as crianças, sem lhes meter medo e sem quebrar o seu temperamento.
As crianças estão inteiramente distendidas, mas com o porte ereto, quase como num jantar de cerimônia. Apesar disto, todas elas estão na mais estrita intimidade.
Um dos encontros mais agradáveis que há na vida é o da alta educação dentro da distensão da intimidade.
As condições de vida de uma mãe de nossos dias, que trabalha fora, não lhe permitem alimentar essa delicadeza de alma. A beleza da alma feminina aparece aqui no que ela tem de mais respeitável.
Jean-Baptiste Chardin (Paris, 1699-1779)
Nossa Senhora e o Santíssimo Sacramento
Nossa Senhora foi Quem trouxe Nosso Senhor à Terra. Todas as graças que Nosso Senhor nos dispensa, dispensa-nos através de Nossa Senhora. Do alto do Céu, Nossa Senhora está continuamente adorando as Sagradas Espécies. Quando Elas são devidamente cultuadas, Ela lhes presta um culto jubiloso; quando elas são tratadas com indiferença e até com sacrilégio, Nossa Senhora lhes presta um culto de reparação. Nossa Senhora é a única criatura que presta um culto verdadeiramente digno de Nosso Senhor. As outras criaturas sempre têm algum defeito que macula o alcance dessa devoção. Pedir a Nossa Senhora que trate a Nosso Senhor Jesus Cristo por mim e em mim e que Ela ponha em minha alma todas as disposições que Ela tinha quando, na vida terrena, lidava com as coisas dEle. De tal maneira que Ele seja bem tratado como eu quisera que realmente Ele fosse. Pedir ainda mais: que pelo desdobramento do Segredo de Maria, o que dEla possa caber em mim, de fato visita a mim e seja como se Ela própria estivesse em mim. De maneira que cada disposição interna de minha alma, cada gesto meu sejam como uma disposição e um gesto dela.
São Carlos Borromeu: virtude e vício destacam-se no nobre
"Assim como uma pedra preciosa refulge mais quando engastada em ouro do que em ferro, assim as mesmas virtudes são mais esplendorosas no nobre do que no plebeu; e à virtude junta-se a nobreza, como o maior ornamento dela...
"Tal como no nobre é muito mais esplêndida a virtude, também nele o vício é de longe muito mais vergonhoso. Assim como mais facilmente se nota a sujeira num lugar claro e batido pelos raios do sol do que num canto obscuro, e as manchas numa veste de ouro do que numa veste comum e andrajosa, ou, por fim, marcas e cicatrizes no rosto do que em outra parte oculta do corpo, assim também os vícios são mais notáveis e chamam muito mais a atenção, e mais vergonhosamente desfiguram o espírito dos culpados, nos nobres do que nos homens de condição vulgar"
(Homiliae CXXII, apud Plinio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, Livraria Editora Civilização, Porto, Portugal, 1993, p.290). FONTE: CATOLICISMO
Santos disseram
É conhecido na vida de S. Bernardino de Siena o milagre pelo qual, recebendo do Superior a ordem de atravessar um rio, ele estendeu na água o próprio manto de lã e colocou-se de pé sobre ele, usando-o como se fosse um barco.
Quando alguém abordava o assunto, ele gracejava: — Vejam bem! É preciso cada um fazer as coisas de acordo com as próprias forças. São Pedro teve tanta fé, que caminhou sobre as águas. Eu, que tenho bem menos, precisei recorrer a um manto.
Um nobre pediu a Santo Inácio de Loyola conselhos que lhe permitissem reformar a própria conduta em oito dias. O Santo, que sempre orientava as pessoas a considerar a proximidade da morte, como incentivo para não pecar, perguntou: — Oito dias?! Mas o senhor tem certeza de que vai viver oito dias?
Um conhecido mau pagador pediu a S. Francisco de Sales: — Poderia emprestar-me vinte francos? — Em vez disso eu prefiro dar-lhe dez francos de presente. Assim, ambos ganhamos dez francos.
(Fonte: FERNANDO PALAZZI - Enciclopedia degli Aneddoti - Ceschino, Milano, 1935, 2 vol - LOC: 808.88-P1,P2)
Santa Teresa de Ávila tinha êxtases com freqüência, nos quais conversava com Nosso senhor Jesus Cristo com familiaridade. Viajando entre duas cidades, para o difícil trabalho de reforma do Carmelo, teve de transpor um precipício passando sobre uma pinguela. Um passo em falso, e ela caiu no abismo. Nesse momento Nosso Senhor lhe aparece e a resgata, trazendo-a de volta a lugar seguro. Santa Teresa perguntou: — Se o Senhor estava aí, por que não evitou que eu escorregasse? Seria muito mais fácil. — Teresa, é assim que eu trato os meus amigos. — É por isso que eles são tão poucos!
(Fonte: tradição oral)
Ditos do duque de Aveiro
O duque de Aveiro perguntou a um criado do marquês de Aiamonte:
— Qual o esporte que o seu patrão prefere?
— A caça com falcões. Ele tem mais de sete mil cruzados em aves de caça.
— Uns homens se perdem no mar e outros na terra. O sr. Marquês quer perder-se no ar.
O duque de Aveiro contratou o músico Francisco Mendes, que raramente era encontrado em casa. Contraindo dívidas, o músico recorreu ao duque:
— Poderia o senhor fazer-me o benefício de pagar o aluguel da minha casa?
— Acho muito justo o seu pedido, pois uma casa onde o senhor não mora nem está nunca, como há de pagar aluguel dela?
O duque de Aveiro encontrou dois fios de cabelo num prato. Chamou o garçom e ordenou:
— Vá dizer ao cozinheiro para pentear este prato.
Dois fidalgos portugueses discutiam. Um dizia que emprestara ao outro um chapéu, e o outro dizia que não se lembrava. Interveio o duque de Aveiro:
— Vós sois muito honrados fidalgos, mas cada um tem a sua mania: um se lembra do que dá, e o outro não se lembra do que lhe dão. Eu tenho ambas, pois nunca me lembro do que recebo, e guardo bem o que dou.
(Fonte: JOSÉ HERMANO SARAIVA - Ditos portugueses dignos de memória - Europa-América, Lisboa, 1997, 530 p.)
Frederico II, rei da Prússia
Um jovem berlinense apresenta-se a Frederico II, pedindo um emprego.
— De onde você é?
— De Berlim.
— Não quero berlinenses. Eles não prestam para nada.
— Senhor, como humilde súdito, não me compete contradizer a palavra do meu rei. Mas como se sabe que toda regra tem exceção, espero que Vossa Majestade não me repreenderá por apresentar ao menos duas.
— Quais são?
— A primeira é Vossa Majestade, e a segunda sou eu.
Fonte: FERNANDO PALAZZI - Enciclopedia degli Aneddoti - Ceschino, Milano, 1935, 2 vol
O rei protestante e o abade católico
Sob o rei Frederico II, da Prússia, estava proibida nos conventos católicos a admissão de novos monges.
Uma ocasião, ao percorrer um local com o seu irmão Henrique, o soberano admirou o modo como estavam cuidados os gramados, as plantações, os bosques de uma propriedade.
Indagou a quem pertencia, e lhe foi indicado um mosteiro no alto do monte. Chegaram até lá e foram muito bem recebidos por toda a comunidade, sendo-lhes mostrado tudo o que desejavam ver, na mais irrepreensível ordem.
Ficou tão satisfeito, que se dispôs a conceder aos monges a graça que pedissem.
O Superior se limitou ao seguinte:
— Majestade, gostaríamos de conceder o hábito a mais dois monges cada ano.
— Concordo, e até estou disposto a mandar os dois primeiros, a meu critério.
Depois, voltando-se para o irmão, cochichou numa língua estrangeira:
— Mandarei a eles dois burros.
Acontece que um dos monges entendia a língua em que falou, e logo informou ao Superior.
Antes de montarem a cavalo para partir, o Superior abordou novamente o rei:
— Ficamos tão agradecidos com o favor de Vossa Majestade, que vamos colocar nos dois primeiros monges os nomes de Vossa Majestade e do vosso irmão.
Fonte: FERNANDO PALAZZI - Enciclopedia degli Aneddoti - Ceschino, Milano, 1935, 2 vol
Do mítico cantor Caruso
O tenor Caruso e o baixo italiano Segurola cantavam La Bohème em Filadélfia, em 1916. De repente, Segurola perdeu a voz, e Caruso, que estava de costas para o público, junto ao leito de Mimi, percebeu a situação e começou a cantar com voz de baixo a ária Vecchia zimarra. Segurola continuou fazendo um simulacro de vocalização, e o auditório, que não percebeu o que ocorria, prorrompeu em aplausos estrondosos ao final.
Um vendedor de fonógrafos ofereceu um desses aparelhos ao tenor Caruso, apresentando como argumento que ele poderia gravar todo o seu repertório. Caruso gostou da idéia, e quis fazer um teste. Mas em vez de cantar, tocou um número de flauta. Depois de ouvir a reprodução, perguntou: — Isso é o que eu toquei? — Exatamente, senhor! — Então é assim que eu toco flauta? — Sim, senhor! É maravilhoso! — Claro, claro! — Quer dizer, então, que o senhor me compra o aparelho? — Não, mas eu lhe vendo minha flauta.
Fonte: VICENTE VEGA - Diccionario Ilustrado de Anécdotas - Gustavo Gili, Barcelona, 1965, 900 p.
O tigre e o caranguejo
O conde Luís de Canossa tinha pratarias preciosas. Um amigo, com o pretexto de encomendar uma cópia, pediu emprestado um objeto com a forma de tigre.
Três meses depois o objeto ainda não havia sido devolvido, e o conde mandou buscá-lo.
Algum tempo depois, o mesmo amigo mandou um portador buscar emprestado outro objeto com a forma de caranguejo, e obteve a resposta:
— Diga ao seu patrão que, se o tigre demorou três meses para voltar, apesar de ser o animal mais veloz, eu receio que o caranguejo demore três anos, e por isso acho melhor não o emprestar.
Fonte: ADOLFO PADOVAN - Il Libro degli Aneddoti - Bottega di Poesia, Milano, 1924, 338 p.
Uma tradição é um progresso que triunfou.
(Maurice Druon, secretário perpétuo da Académie Française)
Louis II de Bourbon, o Grand Condé
A gaffe de La Fontaine e o príncipe de Condé
La Fontaine foi convidado pelo príncipe Condé para um jantar no palácio de Chantilly. Como era extremamente distraído, não compareceu ao jantar e só se lembrou dele alguns dias depois.
A desfeita era grande, e não poderia ser justificada com a simples alegação do esquecimento. Aflito, o grande escritor não sabia o que fazer para desculpar-se quando encontrasse o grande marechal, vitorioso em tantas batalhas.
O dia fatídico chegou. Parando diante de Condé, La Fontaine disse:
— Senhor, peço mil perdões, mas já não sou digno da amizade com que me honrava Vossa Alteza.
Demonstrando profunda mágoa, Condé respondeu:
— Não o quero mais na minha presença, pois o senhor se portou como meu inimigo.
E virou-lhe as costas. La Fontaine deu a volta rapidamente, colocou-se novamente diante do príncipe e argumentou:
— Senhor, não sei como fazer, pois se eu permanecesse onde estava, seria a primeira vez que Vossa Alteza daria as costas a um inimigo.
Foi o suficiente para a reconciliação.
Fonte: GARBLASS - A bomba atômica do bom humor - Vecchi, RJ, 1946, 280 p.
Inscreva-se
O marechal Foch na I Guerra Mundial
Um americano conversava com o marechal francês Foch, comandante dos exércitos aliados na Primeira Guerra Mundial. — A polidez francesa é uma atitude vazia. É feita de vento. — Dentro dos pneus só existe o vento, mas com isso fica muito mais agradável e suave andar de carro.
Fonte: EDMUND FULLER - Thesaurus of Anecdotes - Crown, NY, 1942, 489 p.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o chofer do marechal Foch era constantemente interrogado por seus amigos, que lhe perguntavam: — Pedro, quando é que vai terminar a guerra? — Não sei. — Mas você tem de saber algo, pois está sempre com o marechal. — Sim, alguma coisa, mas nada de concreto. Quando souber de algo interessante, prometo que contarei. O tempo passava, e nada de interessante surgia, apesar da insistência dos amigos. Um dia ele apareceu com ar satisfeito. — Hoje o marechal me falou! — Verdade?! O que foi que ele disse? — Ele me perguntou: Pedro, quando você acha que vai terminar a guerra? EDMUND FULLER - Thesaurus of Anecdotes - Crown, NY, 1942, 489 p.
O general anti-católico diante do Papa
Um general francês de convicções anti-católicas deveria, por missão diplomática, ter uma audiência com Bento XV. Mas advertiu que não iria se ajoelhar diante do Papa, como é de praxe para um católico.
O cerimoniário submeteu o assunto ao Papa, que o dispensou da genuflexão.
Quando se aproximou a hora da entrevista, o general foi conduzido de sala em sala, cada uma mais majestosa e solene do que a outra. Chegando à ante-sala do Papa, já estava profundamente impressionado.
Tão impressionado, que diante do Papa achou melhor fazer como todos, e se ajoelhou. Com gentileza, o Papa então lhe perguntou:
D. Pedro II gostava de caminhar pelas ruas do Rio, como simples transeunte. Certo dia ele se encontrou com um negro, que manifestamente não desejava fazer o esforço de ceder passagem. Muito tranqüilamente, desceu do passeio e seguiu caminho.
O secretário, que o acompanhava, disse:
— Como Vossa Majestade pode se rebaixar assim diante de um negro?
— Se eu não aproveito a ocasião para lhe ensinar algo de educação, quem é que o fará?
Fonte: LEOPOLDO BIBIANO XAVIER - Revivendo o Brasil-Império - Artpress, SP, 1991, 240 p.
Interessante ver como os católicos no Oriente Médio vivem com mais coerência a fé católica, sobretudo na sua dimensão comunitária, isto é, de solidariedade uns com os outros. Infelizmente no Ocidente a dimensão social ou comunitária da fé se perdeu devido ao individualismo e ao capitalismo selvagem. E, quando se fala em solidariedade e comunidade, no Ocidente é apenas para usar um linguajar marxista que não tem qualquer repercussão na vida real, ou seja, é pura demagogia. Os católicos sírios têm muito a ensinar aos católicos brasileiros!
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