Presepio em tela encolada. Antiga técnica colonial de barro ibero-americano. Fundo Mata Atlântica |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
São José de Anchieta foi pioneiro de muitas artes no Brasil, inclusive da representação do Natal.
Em 1553, em São Vicente (SP), quando era noviço jesuíta, apresentou pela primeira vez no País o Presépio aos índios e filhos de colonos, segundo consciencioso relato do Santuário Nacional São José de Anchieta, na cidade de Anchieta (ES).
Ele confeccionou o Presépio engajando os índios locais e suas técnicas em cerâmica. Assim, transmitiu ao catolicismo nascente no Brasil a tradição natalina medieval inaugurada por São Francisco de Assis na cidade italiana de Greccio em 1223.
Essa se prolonga até os nossos dias, apesar da trágica crise religiosa provocada pelo Concílio Vaticano II.
O Padre Anchieta, a pedido do Padre Manuel da Nóbrega, também escreveu uma peça teatral para o Natal adaptada aos índios de São Lourenço, atual cidade de Niterói.
Nela, o grande Apóstolo do Brasil não deixou de increpar o triste estado desses indígenas e imaginou o diálogo entre um pecador — o silvícola — que se aproxima do Presépio e do Menino-Deus, “o menino mui formoso, santo menino, nas palhinhas deitado para salvação do pecado”.
No ‘Poema à Virgem Maria’ incluiu os seguintes versos a respeito do Natal:
São José de Anchieta SJ, Acervo do Museu Paulista da USP
“Ó noite, na qual a escuridão sombria é repelida, e a sua cor
É retirada das coisas nesse imenso mundo,
Noite em que Deus se eleva revolvido em um corpo de criança,
Ele que a arca da Virgem resguardou por nove meses!
Ó feliz Virgem, rogo-lhe aquela grande alegria
Que, silenciando-se a noite, tocou o fundo do teu coração,
Quando ante o teu olhar repousou o pequenino bebê, aquele que
Emanou do Verbo do Pai, perante a nova estrela da manhã”.
Fonte: Santuário Nacional São José de Anchieta, em Anchieta, ES.
Fundação de São Vicente. (Benedito Calixto 1853 — 1927). |
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