segunda-feira, 18 de maio de 2015

1º de Maio na França: popularidade dos patrões
é bem maior que a dos sindicatos

Franceses preferem os empresários (54% a favor)
que aos sindicatos (33%) porque 'inúteis'.



Segundo sondagem da Odoxa, revelada no 1º de maio, dia do trabalhador, os franceses preferem os chefes de empresa aos sindicatos.

Mais da metade (54%) das pessoas interrogadas manifestaram uma boa opinião dos patrões, enquanto apenas um terço delas (33%) disseram ter uma boa imagem dos sindicatos.

“A má reputação dos sindicatos é geral”, explicou Céline Bracq, diretora geral de Odoxa, citada pelo jornal Le Parisien-Aujourd'hui-en-France.

A repulsa é mais forte por parte daqueles que constituem a base dos sindicatos, 60% dos quais têm uma má opinião a seu respeito.


Os sindicatos não conseguiram maioria nem sequer entre seus simpatizantes socialistas: somente 49% deles os veem de modo positivo. Enquanto entre os ecologistas estes somam 48%.

O voto de consolação veio dos simpatizantes comunistas ou de extrema esquerda, 53% dos quais são a favor dos sindicatos. Porém, um nada desprezível 41% está a favor dos patrões.

Obviamente, entre os votantes da direita a maioria (66%) prefere os patrões, e apenas 19% os representantes profissionais dos assalariados.

A sondagem, divulgada pelo jornal parisiense Le Figaro, sublinhou um fato verificado há tempo: a ruptura entre a opinião pública e os sindicatos. Mais da metade dos franceses (54%) qualifica esses órgãos profissionalizados pura e simplesmente de inúteis.

Uma muito ampla maioria (74%) acha que os sindicatos não souberam se adaptar às novas realidades econômicas do país. De fato, eles ainda aquecem um espírito igualitário e de luta de classes de há muito desfalecido, se não morto.

Franceses não querem luta de classes e sindicalismo comunista se esvaziou.
Franceses não querem luta de classes e sindicalismo comunista se esvaziou.
Comentando a sondagem da Odoxa, acrescentou Cécile Bracq: “Os franceses acham que as greves promovidas por eles contra a crise são vãs, ou pior: ampliam-se.”

Escândalos de corrupção atingiram recentemente o ex-secretário- geral da CGT, o mítico sindicato das esquerdas.

Uma das consequências desse desprestígio geral foi que apenas 110.000 pessoas, segundo a própria CGT (com uma queda de 47,6% em relação a 2014), e 76.000 segundo a polícia (-30,9%), compareceram a alguma manifestação para comemorar o Dia do Trabalho.

O novo chefe da CGT, Bernard Thibault, declarou à TV Europe 1: “Há sindicatos demais na França, os líderes sindicais estão divididos.”

O velho templo sindical socialo-comunista representado pela CGT vem recebendo nas eleições sindicais sucessivas bofetadas dos operários, que preferem sindicatos mais moderados como a CFDT, a CFE-CGC ou a FO.

Os índices de recusa aos sindicatos são superados apenas, e então com folga, pelos políticos, que só recolheram 11% de opiniões favoráveis.

Com foco na França, a sondagem de Odoxa descreve na realidade um estado da opinião pública mundial. Se fosse no Brasil, quais seriam os números?


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